sábado, 13 de fevereiro de 2010
Em homenagem a Agostinho da Silva, nascido há 104 anos
"Não me preocupa no que penso nem a originalidade nem a coerência. Quanto à primeira, tudo aquilo com que concordo passa a ser meu — ou já meu era e ainda se me não tinha revelado. A minha originalidade está só, porventura, na digestão que faço. Pelo que respeita à coerência, bem me rala; o que penso ou escrevo hoje é do eu de hoje; o de amanhã é livre de, a partir de hoje, ter sua trajectória própria e sua meta particular. Mas, se quiserem pôr-me assinatura que notário reconheça, dirão que tenho a coerência do incoerente e a originalidade de não me importar nada com isso"
- Agostinho da Silva, Pensamento em Farmácia de Província, 1 [1977], in Textos e Ensaios Filosóficos II, p.319.
Parabéns, Agostinho, por haveres sido e deixado um exemplo de liberdade! O único que em ti podemos seguir sem te trair e nos trairmos. Foste sem fronteiras e só isso importa.
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4 comentários:
Que maravilha!
E ver que é apenas dois anos mais velho que um certo senhor conhecido por 102 anos de hipocrisia!
Infelizmente esse coma ambulante ainda está por aqui.
Agostinho partiu para o merecido descanso e de missão cumprida.
"Foste sem fronteiras e só isso importa". Sublinho, Paulo, as palavras e, mais do que elas o que com elas importa pensar, agir e "ser" em liberdade, principalmente a liberdade de nós, do "eu" como lugar fixo de qualquer coisa. Libertar-mo-nos dessa prisão é receber a presença da vida, impermanente em cada momento e livre do labirinto do "eu".
Aprecio muito esta dedicação e entrega ao "mundo", em cada instante, e em cada lugar, sendo o tudo e vendo o tudo.
Obrigada por me lembrar isso.
Descança em paz.
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