O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Saudade




"Saudades! Sim... talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como pão!

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!"

Florbela Espanca

28 comentários:

Magno jardim disse...

Este mar conta histórias
De passado e presente.

Maresias de amor e paixão
Reais como o mar da verdade
Funde-se com a ternura das aguas,
Luminoso, vivo e bravio.

As pedras envoltas
Na espuma branca da saudade
Não dispensão o calor do vaivém
Da sabedoria deixado pelo vermelho
Da montanha.

Mora uma alma,
Bate forte contra um peito.
Vive passado, presente e futuro
Num só tempo.

Com vontade de se soltar
Toca o céu
Numa fantasia de suaves contrastes.

João de Castro Nunes disse...

Como se atreve a colocar "isto"... a par do poema de Florbela?!... Até me encolho todo, carago! JCN

Anaedera disse...

Porque é

D'"Isto" que fala a nossa saudade!

"Um sonho tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! ...Que tudo isso, Amor, ...não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como pão!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!"

Porque "Isto" representa um amor gratuito e verdasdeiro, tão puro como a beleza e a poesia que vivem na alma e não nas letras.

Porque "Isto" foi só o amigo que nos convidou até Anaedera.

Isto!

João de Castro Nunes disse...

Dito assim, o "isto" até parece "aquilo". JCN

Magno jardim disse...

O pomema perfeito, feito com a alma e escrito com o coração...

João de Castro Nunes disse...

De que marca é a tinta?... JCN

Magno jardim disse...

Humana

João de Castro Nunes disse...

Onde se vende? JCN

Magno jardim disse...

No coração

João de Castro Nunes disse...

E quanto custa? JCN

Magno jardim disse...

Nada

João de Castro Nunes disse...

Se não custa nada, é porque não vale a ponta de um corno! Bem me queria... parecer! JCN

Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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Anaedera disse...

o prazer da saudade,
de um velho amigo
que não volta.

João de Castro Nunes disse...

Parece o jogo da cabra-cega! Ninguém diz... coisa com coisa. Bola ao centro! JCN

Cnidária disse...

eyes wide shut

Anónimo disse...
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Magno jardim disse...

Sempre volta.

As vezes mais cedo
As vezes mais tarde.

Como as estações
Como a amizade

Como as marés
Como a saudade..

Mas sempre volta.

Anónimo disse...
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Julio Teixeira disse...

Este jogo de ironias é até bonito,
no dito pelo não dito.

Cnidária disse...

Ideias genéricas, afectação, causam terríveis desgraças. o poeta vale o mesmo que o melhor dos seus poemas. como um ser de utilidade desconhecida descobre-se, personifica-se pássaro, quando a menor coisa o faz cantar, eis o melhor dos seus momentos; descobre o que nem escondido estava, vê a oblíqua eloquência ou encanto do que sem ele não seria... pintor ciente do seu mundo invisível, da presunção e do seu amor-próprio, ser reencarnado em sua segunda inocência.

Magno jardim disse...

De regresso á ausência
Á existência voltar.

Anaedera disse...

Voltar
será crença ou acreditar,

Certo é que quem
prolongou seu sofrimento,
por um abraço,
na despedida,

me esperará,
quando regressar.

Cnidária disse...

ar de chuva, solidão, cheiro a quarto fechado, última reserva do passado, a melhor recordação

Anaedera disse...

dia de sol e em família,
um cheiro a clínica,
a melhor recordação, um abraço!
Obg