O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

o outro é a coisa. a obra de arte

'o ar guarda a agitação, o sopro e a luz do ano passado, e não depende mais de quem o respirava. se a arte conserva não é à maneira da indústria que acrescenta uma substância para fazer durar a coisa. a coisa tornou-se desde o início, independente do seu 'modelo', mas ela é independente também de outros personagens eventuais que são eles próprios coisas-artistas, personagens de pintura respirando este este ar de pintura.(...) e o criador, então? ela é independente do criador, pela auto-posição do criado, que se conserva em si. o que se conserva a coisa ou obra de arte, é um bloco de sensações, isto é um composto de perceptos e afectos.'
gd

(a todos os criadores que 'abancam' na serpente)

12 comentários:

Magno jardim disse...

É o seu propósito, o que o faz de ser e existir

João de Castro Nunes disse...

Embora pertencendo a outra freguesia, também há lugar para mim, senhor BAAL?... JCN

baal disse...

jcn. a poesia é o outro deste mundo desgraçado. as parcas, que me teceram o destino, deram-me a revolta e não a poesia. o que não me impede de apreciá-la.

Anónimo disse...

Também estou revoltada e não sei porquê.

João de Castro Nunes disse...

Muito subtil, senhor BAAL, muito subtil! Nem cá nem lá: a meio pau.
JCN

Anónimo disse...

A meio pau o quê? A bandeira?

baal disse...

a meio pau o quê jcn? a luta, a revolta? condescendo que vida, em alguns dias, ande a meio pau.

Magno jardim disse...

A vassoura que varre o xão em meio andar
De dever e de ser que é a terra a escarnecer
de um tempo de alegoria em que vem um dia nascer

baal disse...

um dia haverá em que nem terra haverá, já estivemos mais longe. e aí nem magno, nem jardim, nem xão, nem vassoura... mas concordo que a humanidade precisa de uma grande vassourada.

Magno jardim disse...

ohh baal, a Terra sempre existirá, com ou sem humanidade,
se com, que essa vassourada venha depressa e acorde os seres que se desseminam e se auto-destroem inconscientemente e progridem arrastando a humanidade nesse caminho, poucos são os que sobem as escadas para o céu de na nova terra caminhar, e muitos são aqueles que esperam para simplesmente flutuar...

Na tua revolta caminhas
e ascendes de andar em andar

Anónimo disse...

Vê lá isso. Não queiras flutuar de andar em andar, pá.

baal disse...

baixa a bola fausta. flutuar de andar em andar não é para os revolucionários. não faltava mais nada.