O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 13 de junho de 2009

"Renascerás um dia sob a forma daquele que ofendes hoje e sofrerás as mesmas ofensas"

"Dizer que o tempo e o espaço são simples formas do nosso conhecimento, e não determinações da coisa em si, redunda em afirmar a identidade da doutrina da metempsicose, "Renascerás um dia sob a forma daquele que ofendes hoje e sofrerás as mesmas ofensas", com a fórmula frequentemente citada do bramanismo: Tat twam asi: "Tu és isso"" - Schopenhauer, Do Mundo como Vontade e como Representação, Suplementos, XLVII, "Da moral".

8 comentários:

Medrosa disse...

Então vou ser uma multidão de gente! Vou ganhar ao Fernando Pessoa!

Mestre, tu és vingativo?

Luiz Pires dos Reys disse...

Se entendermos o "espaço-tempo" como a indissociável teia de coordenadas relativisticamente correlativas em que o "hólon" ser-consciência-vida se desdobra em instantes no espaço e em lugares no tempo, talvez se possa extrapolar duma visão "sequencial" da lei dita de causa e efeito, para uma lei de simultaneidades caordicamente interagentes.

Se a quântica - e outros tentames mais "avant-guarde" de apreender cientificamente a "realidade" - mostram a inadequação do comum e quotidiano modo de "programação" sensorial-mental com que apercebemos as coisas, parece que o que subjaz na "profundeza" do iludente Carnaval(no mais profundo sentido do termo) do mundo e do cosmos, bem como da mascarada por que se faz a nossa comunicação e comunhão com tudo, está fadado a ser uma espécie de espreita (a sempre aprimorar) pela nesga insituável de vislumbres ou lampejos "fotofânicos" do que seja "Isso" que a tudo isto agrega/congrega/desagrega para-doxicamente no instantâneo do ab-soluto não-tempo.


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Nota cómico-irascível:

À criatura medrosa sugiro que se furte à dupla baixeza da ironia que utiliza:

a) chamar mestre a alguém é ofensa a si mesmo, tendo por dual o que o não é. Não é o mestre maior que o discípulo, nem este menos que aquele.
(Atentar, cara blóguica, nos adjectivos, um quantitativo e outro qualitativo, que usei, e sua dedutível nuance)

b) A quem se suscite o perguntar a alguém se seja vingativo denota intrinsecamente a prévia semente do espírito vingativo. Cuidado!

(Pela boca morre o peixe, diz o povo. Pela vanidade de "ganhar ao Fernando Pessoa", morre uma "merdosa", perdão, uma "medrosa").

Recém-chegado do Santo António disse...

Lapdrey, és um "enfant terrible", mas cuidado com a arrogância!...

Quanto à física quântica, parece que já não é a última palavra da ciência... Muito recentemente, está a ser posta em causa mediante teorias que sustentam uma certa independência da realidade face ao observador...

Abraço para ti e para a medrosa

Luiz Pires dos Reys disse...

Sim, Recém-Chegado, tal como eu referi no comentário anterior (" ... e outros tentames mais 'avant-guarde' de apreender cientificamente a 'realidade' ") teorias como a Teoria das Cordas e a Teoria-M.

No fundo, como é sabido, esta última aguardou alguns 20 ou 30 anos, depois do seu criador ser completamente achincalhado por gerações sucessivas de "yes-men" da ciência bem-pensante e da moda, para depois estas sumidades de raiz dos cabelos colada às sobrancelhas chegarem à brilhante conclusão de que o que a Teoria das Cordas via sob uma única perspectiva, a Teoria-M via, mais desenvolvidamente, sob 5 "pontos de vista" focados, afinal, no ponto em que a das Cordas se cingia. Bonito serviço!
Estes génios, às vezes, são mesmo um atraso de vida...

(Até ao São João, Chegado-Recém!)

hj (a sério?) disse...

Lapdrey, tu impressionas-me tanto e, sempre que te oiço, vejo um Santo António de saias, ao contrário, a ler o livro “As palavras que nunca te direi”, exactamente aquelas em que penso, meu merdoso.
Também fico impressionada com o vosso objectivo em perseguir átomos e consciências à espera que a mãe natureza opere milagres na matéria morta (?). Depois é útil ponderar o que é isso de adolescência retardada… Será uma boneca anormal, tal como vocês, ou será um belo reflexo de consciência cósmica? Afinal qual será a natureza deste meio hipotético e sedutor no qual vivem de mãos dadas a matéria e a mente? Olha lá a arrogância, não a pises com ignorância!
A Física quântica é insuficiente para explicar a psi, meus paralelos ontológicos. Bem podem andar a vida inteira a montar puzzles e outras coisas que não chegarão ao calcanhar de Aquiles. Deixem-se de pancadinhas na mesa e de pensar em observadores e que efeitos pode ter o observador no observado e o que é isso de observado e de observação… Tudo coisas isoladas, sem ligação, não comprovadas, sem efeito. Não sairão do princípio. O círculo sempre esteve inventado. É a forma do princípio, a única que existe. Tudo o resto é ilusionismo. Aberrações. Tralha.

E tu, Mestre, és vingativo! Correlativamente relativistico!

Anónimo disse...

Tantos talentos esbanjados a achar que possuem a verdade!... Tantas inteligências mal-educadas e presunçosas!... Tanta merdice!...

A criatura disse...

Thanks!

Luiz Pires dos Reys disse...

Cara Hj(a sério?),
Atida a pespinetice, a contribuição da minha amiga para isto é...? Não se vislumbra.
É só desabafos, que vem aqui largar? Ou contrabafos também?

Eu, pela minha parte, como é relativamente mais do que patente, gosto de pensar sentindo e, ao sentir, amo sentir (im)pensadamente, mas, confesso, o que por vezes por aqui leio, sinto (e, já agora, penso) é, reincidentemente, algo implosivamente perplexivo.

O caos, é de Lineu, não permanece por si mesmo: ele mesmo tem a semente do que o ordena.
Mas certas palavras aqui - a isso (pre)tendentes - parece serem mera dinamite que fizesse estrondo, mas não rebentasse. Serve para...?

Gostaria que assim não fosse. Mas gostarei também que seja como for.

Grato na mesma, pelo espevito. Atire-mo sempre.

Um última nota:
O tom não é o homem.
Quem seja minimamente sensível para a música sabe do que falo.