O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 3 de junho de 2009

danças que arriscam

Quinta Fábula
Os homens-rã presos pelo cordão do ar.

Quase, saltar e fugir do espaço, sentar-se no ar, voar de lado

Risco, conflito aéreo, cair no vazio, dizer adeus ao mundo inteiro.

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Ser a forma do ar
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danças que arriscam
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Fábula coreográfica para dançar (agora)
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Imagine que um dia acorda e há uma força na vida que mudou: em vez de tudo estar a puxar para baixo, tudo puxa para cima.
Experimente a sensação de ver as suas pernas ganharem molas nos joelhos e andarem com outra ligeireza, a ligeireza das rãs.
O seu corpo é puxado de lado para lado.
As suas mãos abandonam o peso habitual e sobem sozinhas, elevando os braços para o voo.


70. Patrick Bonté “Intempéries”, a film by Compagnie Mossoux Bonté (coprod BRTN – Cie Mossoux-Bonté); on the photo: Jean Fürst, Erika Zueneli, Lilian Bruinsma, Isabelle Lamouline, Mauro Paccagnella, Sébastien Jacobs, 1997

71. Lois Greenfield “David Parsons, Daniel Ezralow, Ashley Roland”, 1986

72. José Manuel “Masurca Fogo”, Pina Bausch, 1998

73. Netherlands Dans Theatre “Symfonie in D/ Symphony in D”, coreography by Jirí Kylián; dancers: Nils Christie, Gérard Lemaitre and Michael Sanders, 1976

74. Jean-Claude Carbonne ”Noces”, Ballet Preljocaj; danseurs: Natacha Grimaud, Yan Giraldou, Alexandre Galopin, Gaëlle Chappaz

75. Guy Delaheye “La Chambre”, L’Esquisse.

17 comentários:

guvidu disse...

«Electrizante»

o meu corpo inquieta-se
a alma agita-se
e o espírito voa, reunindo-se a ti
ao som da música
dos astros
do coração
em dança de mim
e desafio de ti

Anónimo disse...

fábula que propõe sermos um Ícaros, ritmados...

adorei as fotos nºs 71 e 73...o qb perfeito do corpo, no ar, ainda assim, interligado a outro - não deveria ser assim a existência?! - equilíbrio, dança, (com)partilha em danças que arriscam, desafiam, nos transcendem e não somente danças que riscam, anulam, aprisionam...

e o que nos propões? simultaneamente uma reflexão sobre esta forma de arte e um exercício prático que nos leve a dançar...inteligente, como sempre! ;)

os teus posts são do melhor, Félix :) mt grata e um bj

Anónimo disse...

«Dança de brisa»

Observo as verdes folhas que me acolhem, sopradas pela brisa que me espreita e insiste, em arrepiar.

As flores, ornamentadas pelos beijos cálidos da lua e pelo calor da sol, em suas pétalas, são agora contemplação minha; como se também pudesse dançar ao ritmo da brisa, subtilmente incitado pelos acordes musicais que escuto, só, para diluir a réstea de solidão e ânsia que teimam em fazer de mim, porto de abrigo.

A tua lembrança é como vento que me sopra na alma...

Projecto-me nessa dança de brisa para que a magia de ti, venha té mim, repouse, e brinque com os meus caracois de mar e rosto de lua.

O coração bate como se fossem ondas contra a maré, querendo invadir o vasto areal que te constitui e te faz forte, farol e ilha.

É nesse mistério que és instância do meu ser que, pela escrita, te eterniza, em jeito de (a)mar.

Estás em mim, fundido, tal como o céu e o mar que, se beijam, em beleza de firmamento.

Estou, repouso e aguardo.

Parte de mim, deambula nessa brisa que voa, algures, no (teu)mundo.

Desvelo o teu véu e invado cada poro de tua pele com gotas de chuva, de perfume de mar, lançando-me então à conquista do firmamento para que, livres, possamos ser assim - sonho, leveza e pureza, na natureza.»


(pk a poesia tb dança...tomei a liberdade...perdoa-me pela ousadia do que aqui está exposto)

rmf disse...

Bom, durante a sopinha e a salada, um poema... não, dois poemas... para ler, com muita calma...

...E, não sei, não sei se estarei a ser imprudente ao afirmar isto, mas, parece-me, que a vida, já por si, é o melhor exercício que se pode praticar. Talvez, o agora.

obrigado minha cara amiga.
E... vou continuar a jantar...
Bom jantar também ti! :)

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

ainda não jentei mas tenho um certo amigo de dotes culinários q me mete sempre água na boca...quem será? quem será? bj grnd
(vê lá é se os poemas são de jeito, senão, ainda te engasgas lolol)

Anónimo disse...

jantei (rectifico)

Laura disse...

Simplesmente adoro estas danças, estas fábulas! Já estou como a Fragmentus... também fico à espera do blog...

rmf disse...

Também eu, Madalena, mas... logo se verá. O mais certo é o agora. Pensar em amanhã afasta-me da ideia de ser eu... (é um exercício :)

um abraço a ambas!

ps - Frag. gostei dessa do... quem é? quem é? quem é??? :) Uuuu... quem será??

Anónimo disse...

quem será e já foi!!lá postaste + 1 receita e estou aqui cheia de fome ;)bj, amigo

Anónimo disse...

conversa parva... que espectáculo ridículo, estes diálogos...

Anónimo disse...

Então porque os lês?

Anónimo disse...

e tu, porque os escreves?...

Anónimo disse...

para os leres e ofenderes ;)

(feliz?)

Anónimo disse...

alguém te ofende a não ser tu, com a tua susceptibilidade egocêntrica, que compartilhas com muitos dos escribas deste blog-feira de vaidades!?

sparin disse...

Don’t think all ecstasies are the same. Don’t get drunk with ego or arrogance. Be a connoisseur, and taste with caution. A candle is made to become entirely flame….Don’t be satisfied with stories, how things have gone with others. Unfold your own myth. Start walking, your legs will get heavy and tired, then comes a moment of feeling the wings you’ve grown beginning to lift you off the ground….Because a child does not understand a chain of reasoning, should adults give up being rational? If reasonable people don’t feel the presence of love within the universe, that doesn’t mean that love is not there. I am so small. How can this great love be inside me? Look at your eyes. They are small, but they see enormous things... Something opens our wings. Something makes boredom and hurt disappear. Someone fills the cup in front of us. We taste the sacredness... Dance, when you’re broken open... Dance, when you’re perfectly free...

Rumi

Anónimo disse...

"DANCE, when you’re perfectly FREE"