sábado, 13 de junho de 2009
"Os seres humanos estão constantemente a sonhar ", Don Miguel Ruiz
Otto Rapp, "Shaman Portrait"
"Viver é fácil, se o fizermos de olhos fechados,
compreendendo de forma errada tudo o que vemos..."
John Lennon
DOMESTICAÇÃO E O SONHO DO PLANETA
O que você está a ver e ouvir neste momento não passa de um sonho. Você está a sonhar neste preciso momento. Está a sonhar com o cérebro acordado. Sonhar é a principal função da mente, e ela sonha vinte e quatro horas por dia. Sonhamos quando o cérebro está acordado e também sonhamos quando o cérebro está adormecido. A diferença é que, quando o cérebro está acordado, existe uma moldura material que nos faz perceber as coisas de forma linear. Quando dormimos, não temos uma tal moldura, e o sonho tende para mudar constantemente.
Os seres humanos estão constantemente a sonhar. Antes de nascermos, os que viveram antes de nós criaram um enorme sonho exterior a que chamamos sonho da sociedade ou sonho do planeta. O sonho do planeta é o sonho coletivo de biliões de sonhos pessoais menores, que, juntos, formam o sonho da família, o sonho da comu-nidade, o sonho de uma cidade, o sonho de um país, e, finalmente, o sonho de toda a humanidade. O sonho do planeta inclui todas as regras da sociedade, as suas crenças, as suas leis, as suas religiões, as suas diferentes culturas e formas de ser, os seus governos, escolas, acontecimentos sociais e feriados.
Nós nascemos com a capacidade de aprender como sonhar, e os seres humanos que nasceram antes de nós ensinam-nos a sonhar da forma que a sociedade sonha. O sonho exterior possui tantas regras que, quando um novo ser humano nasce, captamos a atenção da criança, introduzindo tais regras na sua mente. O sonho exterior usa a mamã e o papá, a escola e a religião para ensinar-nos a sonhar.
A atenção é a capacidade que nós temos de discernir e focalizar-nos apenas naquilo que queremos apreender. Podemos apreender milhões de coisas ao mesmo tempo mas, fazendo uso da atenção, podemos manter qualquer uma delas no primeiro plano da nossa mente. Os adultos à nossa volta captam a nossa atenção e, pelo processo de repetição, colocam essas informações na nossa mente. Esta foi a forma através da qual aprendemos tudo o que sabemos.
Utilizando a atenção, aprendemos toda uma realidade, todo um sonho. Aprendemos como comportar-nos em sociedade, em que acreditar e não acreditar, o que é aceite e o que não é aceitável, o que é bonito e o que é feio, o que é certo e o que é errado. Tudo isso já lá estava - todo este conhecimento, todas estas regras e conceitos sobre como comportarmo-nos no mundo.
................................................................................
Foi assim que aprendemos quando crianças. As crianças acreditam em tudo o que os adultos lhes dizem. Concordamos com eles, e a nossa crença é tão forte que o sistema de crença controla todo o nosso sonho de vida. Nós não escolhemos essas crenças, e poderíamos ter-nos revoltado contra elas, mas não tivemos a força suficiente para levar a cabo tal rebelião. O resultado é rendermo-nos às crenças com nosso acordo.
Chamo esse processo domesticação de seres humanos. E, por via desta domesticação, aprendemos como viver e como sonhar. Na domesticação humana, a informação do sonho exterior é fornecida ao sonho interior, criando o nosso sistema de crenças.
.................................................................................
A domesticação é tão forte que, chegados a um determinado ponto na nossa vida, já não precisamos que ninguém nos domestique. Estamos tão bem treinados que passamos a ser o nosso próprio domesticador.
Don Miguel Ruiz, “Los Quatro Acuerdos – Un libro de Sabiduría Tolteca”,
Ed. Urano, Barcelona, 1998, págs. 10-14
Etiquetas:
domesticação humana,
Don Miguel Ruiz,
Quatro acordos,
sabedoria tolteca
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
22 comentários:
As coisas que os espelhos dizem...
Assim o vejo. Extensivo não só aos homens, mas a todos os chamados "seres", incluindo os deuses.
Assim o vejo, acrescentando que o fundo de todo o sonho é o Despertar.
- Despertar para quê, Mestre? Pergunta o sonho ao sonhador...
Perguntas, logo sonhas.
Caro Paulo, creio de facto que, desde que nascemos, a "a-tenção", essa "focagem" a que somos compelidos pelo "educar para a vida" - e que por todos os meios exercitamos e exercemos, sem já mesmo nos darmos conta de que ela nos serve de "filtro" incontornável para a a-preensão da "realidade" - esse atender às coisas, intrínseco como é a todo o existir e viver em determinado "mundo" ou "plano", é ele mesmo o que nos "desfoca" progressivamente do imperativo de, sempre com mais acuidade, talvez sempre com mais consciente “sonho”, nos vermos sonho que se sonha no sonho que os outros e tudo, sonhos também, sonham no Grande Sonho-Acordar: conscientes ou não do sonho, somos os que instantemente adormecemos ou sonhamos, acordados, ainda que durmamos. Abraço.
________________
Caro Roncou, os espelhos dizem, reflectem ou... “roncam” nos nossos olhos?
Não, Mestre, não! Porque insistes na palavra sonho? O sonho não existe. "Despertar" não existe.
"Sim", e uma dorminhoca é a melhor boca para dizê-lo ... com o olho e a olheira a meia haste.
Ah, ah!
Dorme, dorme, dorminhoca!
Zzzzzzzzzzzz...!
Olha, olha, o olho vivo!
"Quando no fundo sabes o que és e o que persegues dinamicamente - não recues, não desistas - e vais espantar muito boa gente."
Bob Dylan
A conversa do "não existe" na boca de quem porventura se sente e pensa bem existente... Dirias que nada existe se agora mesmo te acontecesse o que menos desejas?
Retórica vã.
Dois ou três pares de estalos e acordam logo.
As estaladas resolvem-se à marretada, Rasputine de respectivo nome.
Para budista, demasiados vocábulos...
afirma heidegger na int. à metafísica, p 47, ed instituto piaget:
«nietzsche entende o seu juízo num sentido puramente pejorativo. "ser" é para ele uma ilusão, um simulacro, que nunca devia ter surgido. "ser" incerto, evaporando-se como uma névoa? é de facto assim.
p 50
«será o ser uma palavra e o seu significado uma névoa, ou oculturá aquilo que é designado pela palavra "ser2 o destino espiritual do oriente?»
com tudo isto, questiono:
1.esta visão de que tudo é sonho, coincide com a de nietzshe?
2. assim sendo, qual a pertinência de heidegger para o artigo em questão?
3. sendo a linguagem a casa do ser, é necessário termos 'sorge' continuum, é isso? no estar a sonhar acordado e consciente.
4. algumas vez redespertamos do sonhar? é pela meditação? pela iluminação concedida a tão poucos?
5. sonho=samsara?
6. que nome tem o não-sonho? = despertar?
namastê Lapdrey e Paulo (e d+ presentes :)
(o Baal vai aparecer e dizer q sou chata com as minhas perguntas ;)
Procura por ti a resposta. Não te dispenses do esforço pedindo-a a outros.
Não consigo parar de me divertir!
O Baal disse: és uma chata com as tuas perguntas.
não dispenso do esforço da procura individual e de quem julgo ser capaz de responder convenientemente a estas questões...
o baal até tem razão ;)
fragmentus
"pela iluminação concedida a tão poucos?" Oh, Fragmentus!
"Iluminação concedida"!!? O que é isso? De ti gosto; de ti também; de ti não gosto; E tu és chata; E tu és feia... logo não gosto de ti. Mas tu aqui és linda e concedo-te a Iluminação!! Fica quietinha querida não te mexas! Vá, assim...
Olha, Fragmentus, nem esta reles iluminação é concedida! Pagas e não bufas...
._.
frag.
Não fiques triste, Fragmentus!
A vida está cheia de mudanças. Muda de telemóvel, muda de destino de férias, muda de imagem... e agora, por fim, podes mudar de companhia de electricidade.
E para te ajudar a mudar, a Endesa oferece-te 5% de desconto* (mas olha que é só no 1º.ano!), paga menos desde o primeiro kWh... blá, blá, blá, blá e blá, blá... connosco ficas iluminada. Sorri...
;)
frag.
e das perguntas aqui deixadas...deixo que as respostas se façam luz em mim? lol
Enviar um comentário