quarta-feira, 10 de junho de 2009
"... não existe nada que seja mais terrível do que o infinito"
No horizonte do infinito - Deixamos a terra, subimos a bordo! Destruímos a ponte atrás de nós, melhor, destruímos a terra atrás de nós. E agora, barquinho, toma cuidado! Dos teus lados está o oceano; é verdade que nem sempre brame; a sua toalha estende-se às vezes como seda e ouro, um sonho de bondade. Mas virão as horas em que reconhecerás que ele é infinito e que não existe nada que seja mais terrível do que o infinito. Ah, pobre pássaro, que te sentias livre e que esbarras agora com as grades desta gaiola! Desgraçado de ti se fores dominado pela nostalgia [Heimweh]da terra, como se lá em baixo tivesse havido mais liberdade... agora que deixou de haver "terra"!
- Friedrich Nietzsche, A Gaia Ciência, tradução de Alfredo Margarido, Lisboa, Guimarães Editores, 1977, p.143.
- Friedrich Nietzsche, A Gaia Ciência, tradução de Alfredo Margarido, Lisboa, Guimarães Editores, 1977, p.143.
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4 comentários:
Achei interessantíssima, Paulo, essa relexão que aqui nos traz, a prevenir-nos de que as nossas agonias e melancolias nada são perante o terrível infinito, sem nenhuma ponte para atravessar, suspensos ou mesmo terrivelmente abismados nesse infinito. Ai de nós, que já não podemos chamar a terra que já não há. Sem pontes nem terra, aí, sim, enfrentamos o tal "salto sem rede" de que andamos há algum tempo a falar.
Grata por me ter tirado a terra e o mar debaixo dos pés e me ter deixado no "terrível infinito" mais terrível ainda, porque não "chão" em nada que existe. "Estamos ainda a tempo?..."
Um abraço.
Saudades,
Estamos sempre a tempo de perder o tempo sem perda de tempo!
Abraço
É sempre uma gaiola maior....?
Enquanto quisermos ser livres a própria liberdade será uma gaiola.
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