O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 22 de junho de 2009

The Lady from the Sea - Edvard Munch, 1896

3 comentários:

barro disse...

Como conter o apodrecimento? Não do corpo concreto, que esse nasce morto, mas daquele que atravessa a noite líquida do ventre e se condena à vulgaridade assim que emerge...

Odeio a minha mãezinha por me ter parido disse...

Como conter o auto-contentamento? Não os dos tagarelas e espanpanantes, que estes nascem burros e vulgares, mas dos auto-intitulados "aristocratas do espírito" que não suportam o convívio de quem não partilhe da mesma doença, com medo de ver neles reflectida a sua mediocridade?

Auto-contentamento este que muitas vezes se disfarça de desejo de "ser nada", pois não suporta experimentar em si a condição humana, aquilo que o torna semelhante a todos os outros biliões de seres humanos que por aqui andam.

Ah, pia arrogância que envenena tantos buscadores espirituais...

Kali disse...

Obrigada pela visão de tantos.

As ladainhas maternais invocam-se nestes termos:
"Ó Mãe divina, Tu sob a forma de Energia criadora, eu me prostro diante de ti!" (Vedanta...)

Música de fundo: Mãe querida, Mãe querida