O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 16 de junho de 2009

Comunhão



Um poema
que se dissolvesse
em silêncio na boca
como uma hóstia
Um poema de quem se dissesse
como se diz de Jesus:
“Eu sou a Verdade e a Vida.”
Nesse poema me faria atar
como Cristo
pelos pés e pelas mãos
e pela boca
ao Silêncio que me nasceu
Como rosa no mar.
Boca de espuma.


Rosa em ondas levada
Ofélia de mim
Amor lavado em sal
Purificado, Amor de Marear
de mareado: de (A)marar
exaltado de vinho e de jejum.
Rosa de Sharon
Amor divino,
brilho, Luz, beleza
Rosa de morrer
Viventes penas
De luzente mar
De me dissolver:
em ardente rosar.


Um poema silente
como um beijo
de Amado,
Ó meu Amigo sonhado.

21 comentários:

Anónimo disse...

O poema é silente e pede Silêncio, mas também não há necessidade de perderem o ar ou evitarem emitir qualquer som (sorriso)...

Abraço.

Suspiro disse...

... fundo!

Entrego-me disse...

... toda!

Anónimo disse...

I’timâd

Invisível a meus olhos,
trago-te sempre no coração
Te envio um adeus feito paixão
e lágrimas de pena com insónia.
Inventaste como possuir-me
e eu, o indomável , que submisso vou ficando!
Meu desejo é estar contigo sempre
oxalá se realize tal desejo!
Assegura-me que o juramento que nos une
nunca a distância o fará quebrar.
Doce é o nome que é o teu
e aqui fica escrito no poema: I’ timâd.

Poder

meu olfacto é teu odor delicioso
e o teu rosto o senhor dos olhos meus,
por seres minha, mesmo depois do adeus,
é que todos me chamam poderoso.


Almutâmide

Olhou devagar e disse...

... Silêncio!

Anónimo disse...

ai Saudades, q linda rspta ao teu poema...só confirma ´que intuí bem para quem seria...mas silencio-me mt bem, em comunhão de palavras e sentires...sorrio!(terá sido um sussurro de Lai emitido pela brisa até ao castelo flutuante?)

frag

Anónimo disse...

ai Saudades, q linda rspta ao teu poema...só confirma ´que intuí bem para quem seria...mas silencio-me mt bem, em comunhão de palavras e sentires...sorrio!(terá sido um sussurro de Lai emitido pela brisa até ao castelo flutuante?)

frag

acedo 'bosquani' (a resposta vem do teu bosque, vês?)

Sunamita disse...

O Cântico dos Cânticos de Salomão.

PRIMEIRO CANTO

Anseios de amor

Ela .

2 Sua boca me cubra de beijos! São mais suaves que o vinho tuas carícias,

3 e mais aromáticos que teus perfumes

é teu nome, mais que perfume derramado;

por isso as jovens de ti se enamoram.

4 Leva-me contigo! Corramos!

O rei introduziu-me em seus aposentos.

Coro.

Queremos contigo exultar de gozo e alegria,

celebrando tuas carícias, superiores ao vinho.

Com razão as jovens de ti se enamoram.

Canção da amada

Ela.

5 Sou morena, porém graciosa,

ó filhas de Jerusalém,

como as tendas de Cedar,

como os pavilhões de Salomão.

6 Não me olheis com desdém, por eu ser morena!

Foi o sol que me bronzeou:

os filhos de minha mãe, aborrecidos comigo,

puseram-me a guardar as vinhas;

a minha própria vinha não pude guardar.

Ambição do amor

Ela.

7 Indica-me, amor de minha alma: onde pastoreias?

Onde fazes repousar teu rebanho ao meio-dia?

Para eu não parecer uma mulher perdida,

seguindo os rebanhos de teus companheiros.

Coro.

8 Se não o sabes, ó mais bela das mulheres,

segue os rastos das ovelhas

e leva teus cabritos a pastar

perto do acampamento dos pastores!

(...)

À capela disse...

(Nota musical: má pronúncia do L)

ua,ua,ua ua ua ua (pausa)
ua, ua, ua, ua, ua (pianíssimo)

(Em crescendo)
uauiuoueeeeua , ai uaré, uaró!

Anónimo disse...

Grata a todos os "comentaristas", por esta elevadíssima comunhão (Espero que verdadeira...)em sentidos que o texto refere e a minha alma revela.

Tentei repetir, comos se de um encantamento se tratasse, os sons que o último comentário "À Capela" nos trouxe, mesmo com "defeito na nota musical "L" da palavra "musical". Não aconteceu nada. Era esse, por certo, o efeito desejado.

Silenciou(se).

Grata a todos.

Anónimo disse...

Beijar é bom.

Anónimo disse...

é bom em comunhão de ser...não-ser ;)

Chuak disse...

Ser ou não ser: eis aqui estão!

Anónimo disse...

Fragmentus,

Só agora voltei a ler os comentários e reparei, no meio deles, de um teu que, ao contrário dos de baal no post acima, mostra que o calor não interfere com as tuas “velozes” e “ligeiras” intuições.
Minha amiga, quando esta que te fala não indica nem refere qualquer dedicatória, significa apenas que não há pensamento específico que interfira sobre nenhuma entidade ou ser. É tão só um beijo sonhado, uma erecta, (porque não?) vontade de comungar num beijo com o Todo e a Totalidade. É o sentido de comungar, aqui: verbo palavra e boca em flor, se for. Entendido? Se for poesia...

Parecendo não ter importância alguma há-de ter...

Um beijo

Introspecção disse...

Vêem? Tudo é um livro aberto. É só lê-lo...

Anónimo disse...

Beijar é bom.

Alzheimer disse...

Do que me lembro... acho que sim.

Anónimo disse...

Que heresia!

pa pa disse...

Vens do Oriente?

fas disse...

Ah! esse poema... Quando os escreveres entra lá toda a poesia.

Anónimo disse...

Obrigada, Francisco!