O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 6 de outubro de 2009

O Império das Luzes

René Magritte
"O Império das Luzes"


Da minha alma fiz o teu abrigo
Ó noite infinita, tão certa e justa,
Guardiã do silêncio e das sua falas,
Profetisa da luz em seu abismo negro;
Devoradora do tempo e mãe voraz
Paradoxo do mundo
Guardado em seu mistério.

4 comentários:

Anónimo disse...

Quando olhei para a cor das letras... lembrei-me da Luiza e do seu azul-mar-azulejo-português...

E encontrei outra vez Saudades!...

João de Castro Nunes disse...

Que linda ideia para um soneto, essa da "luz em seu abismo negro", como se fora uma chama a refulgir secretamente no coração de um diamante preto! JCN

Paulo Feitais disse...

O abrigo, o refúgio (num sentido que me é muito caro)... assim a alma se faz templo, o sem-lugar da contemplação, do recolhimento no coração do infinito (que é o que dilacera o que se fecha). :)

Paulo Borges disse...

A Noite é a Luz da luz, a que brilha para dentro do sem dentro nem fora.