O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 25 de outubro de 2009

O guerreiro da luz, às vezes, luta com quem ama.

O homem que preserva os seus amigos jamais é dominado pelas tempestades da existência; tem forças para ultrapassar as dificuldades e seguir adiante.

Entretanto, muitas vezes, sente-se desafiado por aqueles a quem procura ensinar a arte da espada. Os seus discípulos provocam-no para um combate.

E o guerreiro mostra a sua capacidade: com alguns golpes, lança as armas dos alunos por terra, e a harmonia volta ao local onde se reúnem.

"Porque fazes isso se és tão superior?", pergunta um viajante.

"Porque, quando me desafiam, na verdade, querem conversar comigo e - desta maneira - mantenho o diálogo", responde o guerreiro.

Paulo Coelho, Manual do Guerreiro da Luz. Cascais:Ed. Pergaminho, p.25.

3 comentários:

Paulo Feitais disse...

Os que se furtam ao combate, são o rabo cortado da lagartixa... Não passam de movimento espasmódico sem intencionalidade profunda.
Os que se furtam ao debate, ao combate, ao enfrentamento, limitam-se a sorver dos outros o que lhes interessa e, depois, seguem em frente, como se nada fosse. São os vampiros do Si. Os que não fazem sociedade, nem inventam comunidade e futuro comum.
E o bom combate talvez seja connosco mesmos, o não querermos ser o anão egótico.
Mas isso dava pano para mangas e, depois, não recebias este abraço, porque não lerias isto até ao fim:
Um abraço de gente!

:)

Semente disse...

Caro Luis,
é bem verdade que 'o guerreiro da luz, Às vezes, luta com quem ama'. Bem verdade!

Caro Paulo,
tenho para mim que sempre que a luta é travada comigo mesma, perco sempre. Mesmo quando aprendo a lição, não me considero nunca vencedora de mim mesma.
Mas isso... deve ser porque ainda sou pequenina e tenho muito que aprender com os crescidos

;)

Estudo Geral disse...

Claro que se trata de uma guerra já em paz. Roda o cachimbo, mas o olhar não engana. Firmes e hirtos como a rocha eleita em que repousa a sereia, preservam o silêncio e observam para dentro. Se chegaram a prévio acordo, a racionalidade já pouco importa e é um transe que se impõe. Tem horas que são só para escutar. Abraçados.