O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Volante


Tenho em mãos um volante e ao longe um alvo em cujo alinho é um rumo aprumado. Precedo a inércia movendo-o, suavemente, visando ao longe um limite; até onde caminhará. Um breve movimento, níveo, lança-o em direcção ao incerto… mas, não estou aqui, na Terra, onde todas as leis me confundem; estou no vácuo e o volante, distanciado da origem, tende velozmente até à unidade progredindo por todas as posições do infinitésimo e eternamente aproximando-se do fim, sem nunca o alcançar.

(google image)

5 comentários:

Paulo Borges disse...

Creio que a nossa mente também é um volante... e bem mais rápido!

platero disse...

não sei - nem preciso analisar
gosto
isso me basta

Luiz Pires dos Reys disse...

Primeiro que tudo, é prudente largar o volante.

Sem isso, a viagem tem todas as condições para não correr tão bem porque, correndo a paisagem em nós em marcha-atrás, quem pedala com o pedal ligado ao volante, realmente pedala em seco. Não sai do mesmo lugar. Ainda que veja passar o filme da paisagem.

Aconselha-se, pois, o timorato timoneiro de si a abrandar até à velocidade permitida, isto é, até ao limite de velocidade.

E qual é ele, nesta via?

Parado no meio da estrada, em contra-mão, imóvel, com o volante solto na mão.

Ou então - para quem goste de emoções mais fortes: prego a fundo, sem volante e sem estrada.

Paulo Borges disse...

O volante será aqui o que guia ou o que voa?

João de Castro Nunes disse...

Por isso... eu pergunto se é volante ou volátil. JCN