O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 18 de outubro de 2009

violência

para que serve a poesia num mundo violento e injusto?
para nada
para que serve o amor perante a injustiça?
para nada
para que serve a luta perante o destino?
para nada
para que serve a filosofia perante a realidade?
para nada
para que serve o nada?
para ser

5 comentários:

platero disse...

Gostei
Mesmo que este simulacro de comentário não sirva para nada

abraço

João de Castro Nunes disse...

Enquanto o nada... não serve para nada, a Poesia serve para combater a violência e a injustiça, a brutalidade e a vileza, a tirania e a prepotência, a malignidade em todos os seus aspectos e manifestações. Em suma: a Poesia serve... para se opor à barbárie. A Poesia, pelo canto de Orfeu, teve o condão primordial de amansar as feras e enternecer os deuses. Que mais é preciso dizer em sua abonação?!... JCN

rosário disse...

para que serve andar aqui?
para encher o que nunca se encherá!

(gostava de "ser")

Luiz Pires dos Reys disse...

Gostei da precisão das respostas.
Não tenho a certeza é se a vida é tão exacta e tão precisa.
Daí que não me pareça também que o nada precise de ser, para ser nada.
Por isso, está tão bem espalhadinho, como se vê.

Abraço.

João de Castro Nunes disse...

Vossemecê lá sabe... por experiência própria! Parece que se deu... por achado. Filipe !!, em casos tais, costumava anotar na margem dos documentos inquinados de suspeição: "Ojo!". Não vou tão longe. JCN