O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

De súbito


6 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Que escuro! Já parece a mente do Saramago! Agora é que vou precisar de uma candeia! JCN

Paulo Feitais disse...

Belém, depois da Nazaré...
O mesmo abismo?
O Antero tem uma relação umbilical com o mar.
Devemos ter cuidado com o que amarramos a uma âncora. A esperança afunda-se (afunda-nos) se queremos ancorá-la, ou se nos querermos ancorar a ela.
:)

Anónimo disse...

O verso de Quental é verbo "escuro", como diz muito bem João de Castro Nunes, mas é dolente a sua música, abismal, sim!
É ampla a sua extensão... ampla como o mar, sim! É sobretudo triste, duma tristeza irremissível, mas belamente respirados envolvem o ar... Gosto de Antero, muito.

Perigam-me, como diz o Paulo Feitais, de outro modo, perigam-me a saúde e o nervo a esperança que ali se afunda.

Gostei de ler esses versos. deu-me vontade de os reler... Não quero e quero!

Luiz Pires dos Reys disse...

"Lenta e amorosa"[...]"poesia das coisas".
De súbito (e é Agora) emudeço!...

Luiz Pires dos Reys disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João de Castro Nunes disse...

Devo esclarecer que, quando fiz o meu comentário de abertura, apenas se via no meu computador uma mancha negra... sem qualquer texto escrito. Daí... a minha exclamação, que obviamente retiro ao constatar que a referida mancha serve de pano de fundo a um poema do Santo Antero, cujos sonetos, em número de 127, sei de cor e salteado desde os meus tempos de rapaz. De qualquer modo, foi um rxcelente pretexto para mais uma vez mandar às malvas... a pregação do anti-cristo. Tomara ele! JCN