O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

ora, cá vai...

CARL SPITZWEG, 'The poor poet' - 1835.

Mais vale ser de Góis e ser mui raro

Ou ter nascido debaixo dum chaparro

Muito p’ra baixo do rio Mondego?

Ser mais capacitado que um morcego


Que vê à noite melhor que de dia

Ou ser do tempo da telefonia

Sem fios e sem pingo de vergonha?

Só vale a pena o que um cidadão sonha


Se em soneto tiver sintonia

O verso livre não lustra ninguém

Nem que viva mais qu’o Matusalém


E de Góis, nem urso, nem Damião

Só quem com as Musas faz bom serão

A dar versos por dia mais de cem

1 comentário:

João de Castro Nunes disse...

Cada um... ao seu jeito, evidentemente! Quem sai ganhando... é Góis, o burgo onde, na área do plácido Momdego, se fala melhor a língua portuguesa. É de aplaudir e de continuar, pois praticando se chega à perfeição, que estou longe de alcançar por muito que me autorize de Camões. Bom trabalho! JCN