O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 4 de outubro de 2009

Idolatria do Bezerro de Oiro pelo Povo de Israel


Alexander Ivanov (1806-1858), Idolatria do Bezerro de Oiro pelo Povo de Israel, Moscovo (Galeria Tretyakov)

3 comentários:

João de Castro Nunes disse...

"RUCINHA"

Não morro pelos judeus
com pena minha talvez
de não ser também dos seus,
de mesmo sendo português.

Não me concerto com eles
por tudo quanto fizeram,
incluindo mesmo aqueles
que nas fogueiras arderam.

Mas eu abro uma excepção
para tal execração,
que aliás não é só minha:

é que foi por um judeu,
a quem Dus reserve o céu,
que eu conheci a Rucinha!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Do meu poemário "Odes judaicas", fora de mercado, só para os amigos.

P- S. - "Rucinha" era a alcunha da minha mulher, devido à cor do seu cabelo... patinado de ouro velho. Coisas do coração! JCN

João de Castro Nunes disse...

Corrijo o quarto verso, que saiu com um "de" a mais, por desatenção:

mesmo sendo oortuguês.

JCN

João de Castro Nunes disse...

INDO-EUROPEU

Cristo... judeu? avaro, unhas de fome,
nariz ponteagudo, alto no meio?
não pode ser!...tem que mudar de nome,
tem de ser mesmo um ariano em cheio:

olhos azuis da cor do céu sem nuvens,
louro o cabelo como o da Rucinha,
curvas macias tresandando a Rubens,
a pele branca parecida à minha!

Assim é que figura nos painéis
dos séculos de quinze a dezasseis:
é desse modo que também o vejo.

A ser judeu... de berço e visual,
para meu gosto, para o meu desejo,
fosse ao menos... judeu de Portugal!

JOÃO DE CASTRO NUNES

(Publicado no suplemento literário de "O Primeiro de Janeiro" e nas "Odes judaicas") JCN