O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 31 de outubro de 2009

... I


7 comentários:

guvidu disse...

foto Frag.

Paulo Borges disse...

Espero que veja aqui um autoretrato.

Luiz Pires dos Reys disse...

Para haver retrato é preciso haver rosto.
A carência e a fartura são, do mesmo, moeda.
Problema é quando as faces da mesma se esquecem, relativa e facilmente, de que são indissociáveis e intrínsecas mutuamente.
Por isso, tal como aqui se demonstra, a fartura dá em pobreza: de rosto e do resto - do rasto que se mostra.

P.S. Também poderia ser o "contrário do mesmo", mas, a ser assim, não se mostrava. Demonstrava-se. Como aqui se demonstrou, na mesma.

guvidu disse...

Paulo, tem toda a razão.

«A nossa mente comum refere os estados grosseiros de consciência dualista, enquanto que a consciência pura é livre das percepções dualistas de sujeito e objecto.»

O Livro Tibetano dos Mortos, Ed. Esquilo, p.26

Namastê

Luiz Pires dos Reys disse...

Puro "faz-de-conta-que-faz-de conta" e assim "faz-se-tudo-como-se-tudo-fosse-um-faz-de-conta-que-faz-de-conta-que-é-mas-não-é".

Mas é: ...

Iludir-se com o engano da verdade é o mesmo que esclarecer-se com a verdade do engano.

Auto-contentismo "budista" (ou outro: é chapadamente o mesmo, não sendo igual) é o mais "enmariscado" dos enganos.

Tropeça-se no próprio pé, imaginando-se que, esfregando o olho, se vê.

platero disse...

ver só se convida para festim

bjinho

baal disse...

prefiro um caranquejo da pedra.
abraço