O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 18 de outubro de 2009

Aurora

A aurora boceja
o primeiro despertar
silente.

As ondas quebram na areia
imaculada,
as raízes forçam a terra
húmida,
a sombra move-se sobre
os desertos.

A aurora boceja
o primeiro despertar
silente.

13 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Como será... o segundo?!... JCN

Luiz Pires dos Reys disse...

Há quem nem chegue com o entendimento ao crepúsculo, quanto mais à aurora.
Talvez por isso seja sempre segundo. Em tudo. A contar do fim.

"E foi a tarde e a manhã!" (Gen. 1, 5).
Empluma-se a alba de mais um dia da serpente.


P.S.
Por vezes, basta simples permuta de verbos para que o que roça o "descritivo" alcance rasgo de hiper-realidade surreal...
Abraço, Nuno.

João de Castro Nunes disse...

Antes segundo... que terceiro! JCN

Luiz Pires dos Reys disse...

Discordo: o Três é o número da perfeição revelada e imanifestada.

João de Castro Nunes disse...

Quem não tem coragem de pegar o touro pelos cornos, pega-o de cernelha ou faz de rabujador. JCNN

João de Castro Nunes disse...

O três... pode ser muita e variada coisa!... E mais não adianto... por pudor de linguagem. JCN

João de Castro Nunes disse...

O sujeitinho não me larga as canelas. Arre! Eu bem me furto às suas investidas... mas ele é persistente. Chamòpolícia! JCN

Luiz Pires dos Reys disse...

Quem se "sentiu" não fui eu, não será?
Vamos acordar aqui uma coisa, pelos séculos, Sr. Conde de Benevides e Canelas: estamos, como se não estivéssemos.
Valeu?

Assim, tornamo-nos "toleráveis".
Para nós, e para quem aqui esteja.

(Se bem haja sempre quem tenha canelas tão sensíveis que até um simples bafo de onça lhe pareça um abocanhar. Pelinhas demasiado sensíveis, é o que é.)

guvidu disse...

aurora como amanhacer do ser que se quer longe do poder...apenas fruir...fluir...contemplar e a.mar...

guvidu disse...

A aurora boceja
o primeiro despertar
silente

lindo!

João de Castro Nunes disse...

Ninguém diz o contrário! Apenas pretendi saber... como seria o segundo, a contar do princípio ou do final, indiferentemente. Quem disse isto?... JCN

João de Castro Nunes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João de Castro Nunes disse...

Conde de Benevides e Canelas?!... "Sobe, sobe, balão sobe!":

"Quem um dia pintar o meu brasão,
à moda antiga, em pergaminho velho,
que ponha bem ao centro um galeão
com uma cruz pintada de vermelho!"

JCN