O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

À MINHA MANEIRA

Quem medo tem à minha poesia
ao som dos violinos modulada
sem respeitar nenhuma teoria
nem a nenhuma escola estar ligada?

Do coração me sai, como seria
o caso de Camões, sem custar nada,
naturalmente... como sinfonia
em bem-soante lira dedilhada.

Inócua o mais das vezes, por destino
velhacos tem na sua vilanagem
sempre que se oferece ocasião.

De resto, é de saudade e de paixão
que meus sonetos falam com vantagem
sobre qualquer um outro figurino!


JOÃO DE CASTRO NUNES

Coimbra, 4 de Dezembro de 2009.

2 comentários:

Kunzang Dorje disse...

JCN,
toca violino? Tenho reparado no lugar de destaque que oferece ao violino nos seus sonetos... Gostava de um dia ouvi-lo tocar.

João de Castro Nunes disse...

Senhor Kunzang: faça de conta, lendo os meus sonetos, que está a escutar o som dos violinos e vice-versa. Estão em consonância. JCN