O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

meandro

Entenda-se por meandro uma curva ou desvio acentuado de um rio que corre ao longo de uma superfície aluvial e que muda de forma e posição por consequência das variações mais ou menos enérgicas da carga fluvial durante o correr das estações do ano.
Característicos das zonas de planície de aluvião geomorfologicamente maduras podem ser também encontrados, embora não frequentemente, em terrenos sedimentares de relevos aplanados, ou ainda, em ocasiões especiais, em terrenos acidentados característicos das zonas montanhosas, como se pode observar na fotografia.
Para a correcta compreensão da definição é importante ter a noção de que o canal do rio, ou sistema fluvial em causa, é cambiante, ou seja, muda constantemente de posição ao longo da superfície do aluvião mediante um processo demorado e dependente das condições de fluxo.
A erosão, ou desgaste, e a subsequente deposição ao longo das margens do rio conferem-lhe um aspecto serpentiforme, caoticamente ordenado, ou seja, por definição, meandro divagante.
A margem situada na orla centrífuga exterior ao meandro apresenta normalmente barrancos com escarpas continuadamente erodidas, e nas margens internas que se escapam progressivamente à força das correntes ocorre deposição de sedimentos usualmente de granulometria bem calibrada.
Com o decorrer do Tempo, e de acordo com as condições de fluxo, este fenómeno erosivo acciona a curvatura do meandro a ponto de se arquitectar uma volta inteira da conformação do sistema fluvial que, ao truncar-se, deixa para trás um meandro fóssil, abandonado e fechado em si como um lago em forma de U.

7 comentários:

Paulo Borges disse...

Schelling e os românticos vêem na paisagem o espelho da alma...

Anónimo disse...

Além da ideia de espelho da alma, a paisagem é um acontecimento, um "acidente" na "janela do olhar". Um desenho do rosto que a janela da alma deixa contemplar. Como se fossem "poisagens" onde a nossa alma se fixa por momentos.

Mas as paisagens têm para os poetas uma vida e um significado particulares e constituem uma visão outra, que é clarão e fulguração. Como Kant terá pensado que os poetas viam o mar.

Gosto de pensar que as paisagens têm uma vibração especial, uma nota, tons e sons de um sentir da Terra. Possuem até, tenho ouvido "dizer" sons de fundo que se ouvem. Ouvir a voz das imagens é aceder ao mistério e ao misterioso olhar que as fas nascer e aparentar serem por nós criadas... quando...

Bela fotografia, Rui Félix, "geólogo", "biólogo" e poeta da montanha!

Um abraço.

rmf disse...

Um abraço fraterno a ambos!

A vós, e a muitos outros como vós, dedico, a última mensagem.

Até breve, irmãos.

João de Castro Nunes disse...

Reclamando-me de Leonardo, eu diria que a paisagem varia segundo o estado de alma de quem a contempla. JCN

João de Castro Nunes disse...

Ó Leonardo, isso era no teu tempo!... Tudo vai mudando: "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades". Outros são agora os olhos com que se vêem as paisagens... com óculos de sol. Uma banalidade. JCN

Anónimo disse...

www.carlosferreira.blogtok.com

João de Castro Nunes disse...

Fui ver: uma sensaboria. A Cascais... uma vez e nunca mais! JCN