O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Poema de Natal



Falavam-me de Amor


Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,

menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.

Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.

O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.


Natália Correia

20 comentários:

platero disse...

feliz porque a partir das primeiras palavras reconheci o poema.
mais feliz pela oportunidade de voltar a lê-lo

obrigado, Saudades

João de Castro Nunes disse...

PRESÉPIO MEU

Dos cinco irmõs eu era o mais activo
em fazer o presépio do Natal,
com muitas ovelhinhas, por motivo
de ter um certo jeito natural.

De véspera, com cestos sobraçados
a grande custo, o musgo procurava
pelos caminhos, montes e valados,
onde ele mais fofinho se mostrava.

Depois... sobre ele com amor dispunha
em barro de Barcelos as imagens
representando as várias personagens.

Enternecido no final compunha
a gruta do Menino, envolto em linho,
sorrindo para mim... no seu bercinho!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Anónimo disse...

É ternurento, o poema.
Grata por colocá-lo aqui.

Platero,

Um abraço irmão, uma cumplicidade de planuras e muitos poemas reconhecidos de cor.ação,

P.S.Para o baal, seria "cor-acção",
À luta, deus endemoinhado!

Um abraço apertado de Saudades.

Muito apertado não... só um bocadinho!

João de Castro Nunes disse...

Noutra versão:

PRESÉPIO DE FAMÍLIA

Na sala principal do nosso lar
era hábito, na quadra do Natal,
fazermos o presépio, para o qual
cada um trazia coisas ao calhar.

Como eram numerosas as crianças,
chegavam-se a juntar em triplicado
os Meninos-Jesus e, lado a lado,
vários rebanhos de ovelhinhas mansas.

Todos os anos aumentando os filhos,
era preciso pormos espartilhos
para o presépio não crescer demais.

O curioso é que, condescendendo,
do modo que o presépio ia crescendo
eram mais os Meninos do que as Mães!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Anónimo disse...

Que lindo poema, JCN!
Feliz Natal!

platero disse...

JCN

lindo o primeiro soneto
de uma ternura com o calor
e do tamanho do NATAL

abraço

João de Castro Nunes disse...

Vindo de si, Platero, cinzelador de primorosas quadras, o elogio ultrapassa... o calor e o tamanho do Natal, que lhe desejo transtaganamente ilimitado e a perder de vista em felicidde... incontingente! JCN

baal disse...

ó jcn pareces um filósofo a falar.. vai mas é só-netar... mete a máquina trabalhar carago... até pareces um alente(i)jano.

Anónimo disse...

baáli...
estás aqui? Vamos à luta?, baal?
À luta do Natal?
(risos e um sorriso confiante para si, baalíiii
Sem medos... baal (não é bala) é...
doces... (que enjoativa!)

Bom Natal, Baal!

Anónimo disse...

"Bom Natal, Baal!
Que rima!! Rima interna de um verso por haver!..
Ouro puro! De lei!...JCN

JCN??!

Atão xerá que foi com o D. Xabastião de Natal??(risos, muitos)

baal disse...

oó (oó... saiu-me) saudades eu acho que o jcn o fausto(a) e o goethe é de desconfiar.

Anónimo disse...

Hummm!!

João de Castro Nunes disse...

Ao desconfiado Senhor BAAL desejo também um Feliz Natal com muito espírito de luta por boas causas, revolucionariamente! JCN

Anónimo disse...

Ena que cortesia! Sr. João de Casto Nunes!

rmf disse...

Saudades,

Feliz Natal, em recheio, como a azevia; açucar e pão, erva-doce, limão, aguardente e ALEGRIA!

Boas festas!

Aquele abraço!

Anónimo disse...

Uma azevia se diz por aqui, quando alguém abusa: "Levas uma azevia!" que é uma estalada (pedagógica, é claro!)e aqui se diz "orelhada" coisas do Alentejo, como diria o para além de transtagano, o "magano" JCN!
Mas um arrozinho doce, com muito leite, limão, um pauzinho de canela... e os losângulos feitos com os dedos com canela em pó, por cima do arroz, a fumegar... Lá isso!

rmf disse...

txi... que confusão... :) então, mas então... agora fiquei bara-orelhado... :) "aqui" é "orelhada"? Não... aqui, àquem do Tejo (e em todo Portugal, não fosse este um típico doce do rectângulo), vá... para os àquentejanos, é azevia! Azevia... recheios vários lhe dão corpo; grão, feijão, (...), batata-doce e... pão! Pãozinho! Pãozinho sábiamente "desmigalhado", volvido e revolvido em sábia cozedura até ao apuro! Sem queimar, claro!

Dou... a receita! :)
Vou... ap(r)ur(m)ar(-me)!
.
.
.
txi... 2 da manhã...
Tenho de me apressar, ainda vou para... "Caminha"!

Azevia rima com... Alegria!
Venha ela, e de travessa cheia!

Abraço Saudades, natalício, gastronómico e de avental! oops... tenho as mãos com farinha... ponho uma pinta branca no nariz, e desatamos todos a rir!

baal disse...

saudades a tua simpatia deixa-me eternamente 'saudoso'.
bom natal poetisa das torres.

Anónimo disse...

Torre norte às doze badaladas!
Pxiuu!!! Ninguém nos ouve. É hoje, a luta!...

Flávio Lopes da Silva disse...

gostei bastante. felicidades.