O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Ela sonhava como os rios
e no percurso das águas nasciam filhos
que mais tarde lhe vinham acordar ao mar revolto

Ela costurava os seus vestidos
com o fio de uma extensa lágrima
para depois de pronto ver-se no fim de tudo

Ela sabe que o sonho tem horas
que é o tempo fechar os olhos
e acordar primeiro que as galinhas

Mas quando fazia colares de amoras
para que os homens pudessem falar dela
era então que uma estrela lhe nascia
algures entre o sexo e o peito

5 comentários:

Paulo Feitais disse...

Belíssimo!
E que a poesia se faça este natal no coração de todos os que são capazes de sonhar...

Abraço!

:)

João de Castro Nunes disse...

Serás... um deles?!... JCN

João de Castro Nunes disse...

A estrela não tinha melhor sítio... para nascer?!... JCN

Semente disse...

Que bonito, Flávio*

João de Castro Nunes disse...

Sabia que bonito... é derivado de bom? JCN