às vezes
estou num ponto da casa,
e sei, e sinto,
que tu estás algures
noutro ponto
da mesma casa.
e sinto, e penso:
demos mais um passo
para a vida eterna.
cada um de nós deu mais
um passo
em direcção à sua morte.
e perdemos mais este momento
em que podíamos ter falado,
ou entretecido bocas
e olhares.
tomámos, em diferentes
sítios da casa,
diferentes caminhos;
iniciámos trajectos
discordantes
em direcção ao nosso
desaparecimento
na noite do espaço/tempo.
quando nos despedirmos,
que diremos?
até onde, até quando?
será possível termos
partilhado tanto,
e partir assim sem aviso,
como se nos tivesse sido roubada
toda a história anterior?
por isso, peço:
quando estiveres para morrer
noutro ponto da casa,
por favor diz primeiro.
combina comigo,
para eu ir morrer lá também.
Vítor Oliveira Jorge
Pequeno Livro de Aforismos
Seguido de Algumas Alumiações
Porto, 2005
12 comentários:
Cara Liliana,
Se puder e se souber(eu não sei...) poderia retirar aquelas interferências que aparecem ao longo do poema. Para que o possamos ler melhor?
Um abraço, Saudades
Que "interferências", cara Saudades?
Eu não vejo nada de mais, nem de menos...
Mau! Isto há aqui "gato" informático, bem me parece...
O que leio é o seguinte (com a licença da Liliana):
"às vezes"
(para a susana)
às vezes
estou num ponto da casa,
e sei, e sinto,
que tu estás algures
noutro ponto
da mesma casa.
e sinto, e penso:
demos mais um passo
para a vida eterna.
cada um de nós deu mais
um passo
em direcção à sua morte.
e perdemos mais este momento
em que podíamos ter falado,
ou entretecido bocas
e olhares.
tomámos, em diferentes
sítios da casa,
diferentes caminhos;
iniciámos trajectos
discordantes
em direcção ao nosso
desaparecimento
na noite do espaço/tempo.
quando nos despedirmos,
que diremos?
até onde, até quando?
será possível termos
partilhado tanto,
e partir assim sem aviso,
como se nos tivesse sido roubada
toda a história anterior?
por isso, peço:
quando estiveres para morrer
noutro ponto da casa,
por favor diz primeiro.
combina comigo,
para eu ir morrer lá também.
Vítor Oliveira Jorge
"Pequeno Livro de Aforismos
Seguido de Algumas Alumiações"
Porto, 2005
Será que há alguma coisa que eu não vejo?
...Eventualmente, admito, a culpa seja do "miau!", do gato informático, ou do meu novo/velho pc (OOhhhhh!. .)
Já aconteceu antes com outros posts, e, uma vez mais, a minha memória não me falha, um ou mais posts do José Lozano. É apenas uma questão estética, nada mais... certo, Lapdrey?
“Diabo” de gato!! Ia jurar que.... :)
Está melhor!
Lapdrey o defensor bravo bravo
Caro(a) Anónimo(a),
Apenas aprecio não perder alguma pitada...
Até interferências são pitada de que não gosto de perder o sentido..
... com ou sem "felino": prefiro, aliás, canídeos - se bem, é claro, que a estes prefira ainda, obviamente, os humanídeos.
Ass. Lapdrey,
(de cognome: "Incógnito respondedor a Anónimos anónimos e não anónimos")
N.B. Era muito mais "bem" (pecébem?) "dezer" cognome, lá em vez de "dezer" username ou nickname, ou lá o que seja.
Assim seríamos todos um pouco reizinhos...
Só faltaria depois o Dom: Dom Anónimo I, por ex., etc.
Vou propor a quem de direito (e de torto, também!)...
Desculpe-me as parvoíces aqui na sua janela, Liliana.
Prometo não me encostar no parapeito, nem deitar abaixo nenhum vaso...
Caro Lapdrey,
(Desculpe, Liliana, tornar-lhe a janela num diálogo de surdos.):
meu amigo,
como sei que não me vai responder e como sei também que não sei o porquê de o não fazer, mais faço saber (embora isso não tenha importância alguma) que também prefiro os canídeos.
Liliana,
O poema que nos oferece é belo. É o que sempre pensamos, quando estamos em casa. Um dia todos morreremos, já estamos a morrer. Não é triste o poema, analisado sem tomar em consideração quaisquer sentimentos e/ou dedicatórias. É sempre o que não fomos, o que não fizemos, o que não somos que nos mata precocemente, "a outra" como dizia o poeta, que nos morre. Morte combinada, nem nos mais célebres romances de amores contrariados...
No poema, o encontro na morte é um pedido. Acho que houve nisso acordo, com o sujeito poético.
Gostei, um abraço
Liliana Prometo não me encostar no parapeito ?MAS O QUÉ ISTO?VOCE BEM QUERIA CARO AMIGO ANDA AQUI PARA ISSO
DOM ANONIMO 1
Senhor Dom Anónimo,
Tendes, bem vejo, o dom muito descaído de virtude, tanto quanto a pouco virtude subida ao parapeito.
Lapdrey,
respondedor ... bla bla bla
P.S. Não sei o que seja "isso", posto que sempre chamo a bois e a burros pelos nomes, embora não os de baptismo, no vertente caso
Cara Saudades,
Aqui respondo, aflito, a seu pedido de resposta, se bem que nada tenha para dizer nem a respeito de miaus, nem tão-pouco quanto a canídeos. Destes, já estou servido e mordido; daqueles, não me quero servir nem mordê-los.
Mas, cara Saudades, sempre fique sabendo que quedei intimamente mui queixoso da desdita de não ter tido direito a "interferências" algumas quais as tais.
Estou por tal sorte inundado em lacrimejices: google, perdão, glugle, glugle!
Aliás, bem creio que tais "miaus" se passaram (já que por aqui, e bem merecidamente, lhes lançaram chinelo) para certo jardim, até aqui bem mais sossegado.
Até outras interferências, minha boa amiga.
(Agora vou diluviar um pouco...)
hum,
pois bem que dizer...
primeiro não havia percebido as "interferências", cara saudades. Mas a estética por vezes dificulta a leitura...
se fez crítica conseguiu abstrair-se da estética.
a sua interpretação no final foi interessante "No poema, o encontro na morte é um pedido. Acho que houve nisso acordo, com o sujeito poético."
de resto,
a madrugada está serena.
e Venho apenas espreitar a janela.
Bem vejo, Liliana, que mais há quem - como eu - que não caia, de hora fácil, nos braços de Morfeu.
Outros acordares, para outros despertares...
(por isso, e por aquilo, Bodhidharma tinha as pálpebras cortadas...)
que lindo! vou procurar este autor.
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