Wo ist mein letztes End, in welches ich soll gehen?
Da, wo man keines findt. Wo soll ich denn nun hin?
Ich muss noch über Gott in eine Wüste ziehn"
“Onde é a minha morada ? Onde eu e tu não estamos.
Onde é o meu fim último, para o qual devo ir ?
Aí onde nenhum se encontra. Para onde irei então ?
Devo ir ainda além de Deus, para um deserto”
- Angelus Silesius, Cherubinischer Wandersmann, I, 7, in Sämtliche Poetische Werke, III, edição e introdução de Hans Ludwig Held, Munique, Carl Hanser Verlag, 1949, pp.7-8.
6 comentários:
Amigo Paulo Borges,
Acabei de "postar" noutro lugar algo sobre o deserto e venho à Serpente que me convida a ir mais além: Para o deserto, para além do deserto!. Sorrio.
Grata, Paulo
Perdoem a ousadia filosófica a quem não é filósofo, mas há palavras inspiradoras. Poderiamos considerar que esse Deus de que tão brilhantemente nos fala Angelus Silesius estará fora deste Universo, que talvez a singularidade cósmica seja o deserto de (para) Deus?
Talvez, Maria Aurora, talvez...
Não creio que o "além de Deus", o "deserto"-vastidão-infinito onde se transcendem as relações dualistas e inter-pessoais possa estar "fora" seja do que for. Concebo antes que seja o "universo", com todos os eu-tu e sujeitos-objectos que aparentemente o povoam, que por isso mesmo se experimenta, creio que ilusoriamente, "fora" do que aqui se designa como "além de Deus". Nesse sentido, sim, o universo - ou, melhor, o(s) mundo(s), o que do universo é entificado como real pela percepção condicionada dos entes relativos - , é "deserto", despojado, sem o ser, do infinito.
Reflexo destas palavras, ou estas reflexo daqueloutras, são as que imediatamente as antecedem e "poscedem" no "Peregrino Querubínico"(Cherubinischer Wandersmann) - que traduzo a partir da tradução francesa de Henri Plard, com todos os óbvios riscos que de infidelidade isso implica, embora precariamente eu confira o original, até onde consigo fazê-lo:
"6.Deves ser o ser que Deus é.
Para encontrar o meu fim último, e meu primeiro princípio,
Devo aprofundar-me em Deus, e Deus em mim,
E tornar-me o que Ele é: devo ser claridade na claridade,
Devo ser Verbo no Verbo, Deus em Deus."
"8. Deus não vive sem mim.
Eu sei que sem mim não pode Deus
viver nem durante um simples piscar de olhos.
* Faça-me eu um nada, e terá Ele de entregar o Seu Espírito."
Angelus Silesius,"Pèlerin Chérubinique"(Cherubinischer Wandersmann), Aubier Montaigne 1946,I, 6 e 8, págs. 61-62.
Eu creio (obviamente do meu ponto de vista) - que não é, a bem dizer, nem "predominantemente" budista nem "predominantemente" cristão - eu creio que, à luz desta triangulação de "visões"(catafática em 6., apofática em 7., e teândrica, em 8.) melhor se pode tentar intuir, ao ler, assim seguindo o avisado conselho de Angelus Silesius, em conclusão do livro:
"263. Conclusão.
Amigo, eis quanto te basta. Se mais queres ler,
Torna-te tu mesmo escritura e, tu mesmo, dela a essência."
Ibidem, livro VI, 263
N.B. Que me perdoe Angelus Silesius e Paulo Borges, algum crime de traição ao texto e seu sentido.
Finalmente encontrei o post, Lapdrey. Como estava num comentário, percorri quase o blog todo à procura dele... mas entendi. Este post remete-me então para os livros do físico Frank Tipler. Muito consideram-no louco. Até por se "atrever" a misturar ciência e religião (no sentido de uma sabedoria ancestral). De alfa para ómega. Onde é que errei?
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