O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Sobre a busca da "Felicidade"

http://mysticbourgeoisie.blogspot.com/2006/03/positively-fourth-street.html

Thursday, March 16

positively fourth street
you got a lotta nerve to say you got a helping hand to lend you just want to be on the side that's winning~ dylan

While the book cover gives the impression of plain brown wrapping paper -- what are we to think? that no salesman will call? -- the title page is a whole different story. Look at it. Like a goddam inscription carved in Roman capitals -- or an LA freeway billboard after some fondly imagined neocon revolution has safely returned us to Tradition. Welcome to the latest installment of "positive" psychology.
The subtitle is even richer: A Handbook and Classification. So what we have here is essentially a cross between the nosological taxonomy of the DSM-IV with a sort of field guide to the better sorts of people.
I'll level with you. I spent no more than five minutes flipping though this thing in a Barnes & Noble aisle, and one of the co-authors I'd never heard of. But I had heard of the other author, and bought most of his books as exhibits in my planned trial of dangerous morons v. the people. I despise Martin Seligman and his fucking "learned optimism," both on principle and irrationally -- as is my God-given prerogative as a non-academic who owes no lipservice allegiance to fictions like fairness and critical distance. The very existence of this book makes me want to break things.
Or at least write paragraphs like that. Damn, that felt good!
But hey, don't take my word for it; work up your own apoplexy. The first chapter of Character Strengths -- a generous 84 pages worth -- is available via this PDF download from Oxford University Press. And speaking of OUP, that's where Seligman first came up on the radar, in a little number called Learned Helplessness. Again, you have to wait a beat for the subtitle kicker: A Theory for the Age of Personal Control.
That was the last respectable publisher Seligman had for quite some time. I'm sure he was crying all the way to the bank, because what he did then was to start writing for the much more lucrative Self-Help section -- books like Learned Optimism: How to Change Your Mind and Your Life, and the one that got him onto Oprah, Authentic Happiness: Using the New Positive Psychology to Realize Your Potential for Lasting Fulfillment. Sure, it's still psychology, but it's that positive psychology. You know, like that dry heat. I ask you: how am I supposed to learn optimism and achieve authentic happiness as long as run-amok rogue academics are still writing this kind of junk?
For instance, in Positive Psychology in Practice, the authors of a paper called "Positive Psychology: Historical, Philosophical, and Epistemological Perspectives" say (p. 17):
...the human being should, as Seligman and Csikszentmihalyi maintain, be conceptualized and understood as a being with inherent potentials for developing positive character traits or virtues. This idea is the core of the actualizing tendency as described by Rogers and self-actualization as described by Maslow. For positive psychology, the concept of good character thus becomes the central concept.
What Maslow wrote about this purportedly positive psychology (in Motivation and Personality, 1987) was, perhaps most succinctly, this:
The study of crippled, stunted, immature, and unhealthy specimens can yield only a cripple psychology and a cripple philosophy.
What is it about that statement that bothers me? Could it be that this is precisely the kind of rhetoric about "the unfit" that comes straight out of the eugenics movement -- and don't forget (jog your memory here) that Maslow started out under the wing of one of America's foremost eugenicists, Edward L. Thorndike. Similarly, in Religions, Values, and Peak-Experiences, Maslow writes:
I have already written much on scientistic, nineteenth-century, orthodox science, and intend to write more. Here I have been dealing with it from the point of view of the dichotomizing of science and religion, of facts (merely and solely) from values (merely and solely), and have tried to indicate that such a splitting off of mutually exclusive jurisdictions must produce cripple-science and cripple-religion, cripple-facts and cripple-values.
Not to regard these sorts of deus-ex-machina pronunciamentos as unscientific is (merely and solely) delusionary . To see them as somehow apolitical is (merely and solely) crap.
At EDGE: The World Question Center (the brainchild of John Brockman, whose world-class humility is the stuff of legend), there's a piece by Martin E.P. Seligman -- "Psychologist, University of Pennsylvania, Author, Authentic Happiness" -- in which he writes:
In the sociology of high accomplishment, Charles Murray (Human Accomplishment) documents that the highest accomplishments occur in cultures that believe in absolute truth, beauty, and goodness. The accomplishments, he contends, of cultures that do not believe in absolute beauty tend to be ugly, that do not belief [sic] in absolute goodness tend to be immoral, and that do not believe in absolute truth tend to be false.
Note that the book Seligman references -- Charles Murray's Human Accomplishment: The Pursuit of Excellence in the Arts and Sciences, 800 B.C. to 1950 -- is an extended paean to Blind Boy Apollo and the All-White Astronauts of Western Civilization.

Note also that Charles Murray is co-author of The Bell Curve, perhaps the most racist book published in the last fifty years.
Now tell me again about these supposedly "scientific" -- not to mention true, good and beautiful -- metrics of character and virtue? Call me a negative unhappy pessimist, but fuck you, Marty.





8 comentários:

Anónimo disse...

Eu não conheço o Paulo e o Paulo não me conhece. Sou um ilustre desconhecido e o meu nome nada lhe dirá.

Queria porém aqui dizer que este blog se está a tornar, como dizer, demasiado an...

Primeiro era o blog da Anita, da Anita e da Anita. Agora é o da Ana, o da Ana, o da Ana, mais algumas outras e outros.

Suponho que o Paulo não tem noção de como este blog afecta negativamente o seu prestígio intelectual- na minha rede de amigos, há vários admiradores da sua obra e todos têm a mesma opinião.

Não acha que já é altura de acabar de vez com esta demência pegada?

Luiz Pires dos Reys disse...

Amigos, ainda há quem proponha a Censura Prévia, para defesa do "prestígio intelectual", pelos vistos. Omessa!
Dâahh!!


"Prestígio intelectual"?
Que é isso, caro senhor João Silvestre?
Será isso um certo ar "bem-pensante" nas arquear das sobrancelhas?
Um determinado pôr-de-mãos "sapiente"?
Uma colocação "devidamente" catedrática da voz?
Um olhar de cima a quem esteja acima de nós?
Será "tipo isso"?

Ou será que afectará muito mais (isso, sim) lá isso do "prestígio intelectual" dizer mais ou menos baboseiras e outras demências e desequilíbrios de quem se pensa portador de desígnios inauditos, como os que há bem pouco por aqui se nos mostraram de Wittgenstein, de Heidegger e de Derrida?
Ahhh, ok! 'Tá bom! Deve ser.

De qualquer forma, que pena, para a "sua" rede de amigos,e para si também, sr.(Dr.?) João Silvestre.

Um conselho amigo, no entanto - se bem que eu (penso, que graças aos deuses e às deusas) não o conheça, e o meu amigo também me não conheça (acho que também graças aos mesmos) - um conselho, então:

Não se "enrede" muito na "sua" "rede" de amigos.
Isso, por vezes, acaba enredando (de tal maneira, lamentosamente) a caixinha dos pirolitinhos, que se fica convencido de que se entende a obras de certos pensadores profundos e, no entanto, parece bem que se entendeu "patévia".

Falo por mim, e não obviamente pelo Prof. Paulo Borges (de quem, é claro, não tenho mandato algum), que me dá a honra e o prazer imensos de me aceitar entre os seus amigos de longa data, mas jamais me trespassou a mente limitada, ou outra qualquer parte do corpo, a mais leve das ideias de fazer reserva de consciência ou censura íntima ou explícita às ideias de quem quer que fosse e da capacidade e direito de expressão de todos por aqui, ou por onde quer que seja.

Se porventura tem seguido alguns debates mais acesos que aqui tem havido (e eu sou, devo dizer-lhe, recente neste blog) terá visto que mesmo entre pessoas que noutros contextos veriam vedada desde logo ("democraticamente", como sugere) a sua intervenção, jamais viram a sua voz aqui cortada ou impedida (salvo, porventura, quando tenham ultrapassado, o que desconheço, o limite da cortesia ou da mínima das mínimas das boas educações).

Um espaço de liberdade não pode impôr-se limites a si mesmo, meu caro amigo: se não, dá um tiro no próprio pé, mal o faça.

Os tempos, meu caro senhor, já não estão para essas "purezas" e depurações "intelectuais" monolíticas, lavadinhas, assépticas e de "OMO lava mais branco" das capelinhas de escola de antanho.

Os tempos são de crisol, de
calcinação, de putrefacção, de... enfim de todas as operações alquímicas em simultâneo decurso.

Caso não tenha reparado, já andámos um bocadinho em relação às Conferências do Casino.
Caso tenha, melhor ainda.

"Demência pegada"? Gostei!
Ah, e uma coisa!
Para quem vê aqui tais coisas "dementes" e assim, eu, se fosse ao meu amigo, fazia o seguinte:

Viu certamente que, se bem que eu conheça o Prof. Paulo Borges, entre nós, uma coisa é o trato público e outra o trato privado; eu, ao senhor, permitir-me-ia aconselhar-lhe a que fizesse o mesmo.

Não me viu falar aqui consigo (se bem que eu preferisse aqui dizer "com o senhor", mas soa infelizmente "antiquado") falando o João para aqui e o João para ali.
Era bom então, suponho, já que está o meu amigo com salamaleques e "prestígios" a defender (mais, claro, a sua "rede" dos seus amigos, está de ver), que trate então o Prof. Dr. Paulo Borges com o prestigioso título académico que lhe é justamente devido.

Justamente, aliás também, pela altura, profundidade e vastidão da sua competência intelectual e do vulto do seu espirito, bem como da impoluta verticalidade moral e ética do homem que há longo tempo conheço.

Seja como for, fico grato pelo ensejo que me deu para escrever estas linhas que me honraram.

Passe bem, mais a sua "redícula" de amigos.

Luiz Pires dos Reys disse...

Perdoe-me a "intrusão", Ana Margarida!

Cá voltarei ao seu post, ok?
Obrigado.
Abraço!

Anónimo disse...

Isto tornou-se agora um blog anglófono?

Paulo Borges disse...

Caro João Silvestre, agradeço a sua atenção, mas assumo todo o risco de apostar num espaço de liberdade e pluralidade e creio que o desprestígio recai antes sobre todos os que se aproveitam dessa liberdade para patéticos e baixos exercícios de calúnia e hipocrisia.

De tudo a Serpente alimenta o seu voo.

Ana Margarida Esteves disse...

Caro anonimo defensor da Lusofonia, isto e sobretudo um blogue plural, "sem cor, nem deus nem fado" e muito menos nacionalidade.

Anónimo disse...

DEVIAS ERA TER VERGONHA NA CARA

Ana Margarida Esteves disse...

Posso saber porque?

Posso tambem saber a razao de tanto antagonismo?