que me trouxe o vento para debicar
pensei que as rosas bravas do jazigo
eram versos de inverno para amar
pensei que a lua pintada nos teus olhos
fosse uma estrela lançada desde o mar
pensei que as janelas sem abrolhos
eram portas secretas ao teu lar
pensei que os teus cabelos fossem trigo
que o vento me trouxe para debicar
(nas tardes de anatólia sou, amiga,
uma rosa de nenhum lugar)
pensei que o mel fosse destino
de corpos destinados a se amar
que as pedras fossem no caminho
antigas lendas para além do mar
pensei sem palavras e sem vinho
deitado junto às vides do lugar
que os teus cabelos eram trigo
enlaçados aos meus dedos para amar...
(- Dizei-me, ó meus amigos,
se pensei, sinceramente,
bem ou mal.)
(De Lua de Anatólia)
http://navegare--preciso.blogspot.com/
16 comentários:
Pois que dizer amigo, senão que pensaste bem!? E que de Bem se veste assim teu pensar, de mel, trigo e Lua só podes mesmo encantar quem te visita e sai enlaçada em cor de sol de teu tão sábio expressar e pensar. Bom ano!
Amigo José Lozano
Todo o seu pensar é cristalino e o seu trigo fartura. Que a lua o ilumine e também o sol em tão terna presença entrelaçados.
Bom ano, amigo.
Belo poema! Interrogo, todavia: como se pode pensar bem sem se pensar mal?
Ora...não compliques interrogativo!
mal é não pensar!
Reformulo:
pensar não é bem nem mal. Pensar é unificante e não dicotomizante. Que tal?!
Uma saúde ao interrogativo pensante! Que por interrogar não faz nem bem nem mal. O que faz chama-se pensar.
A pergunta do Lozano, como bem sabes, era só para se meter connosco e gerar uma forma subtil de baile, uma dança de início, agora que ainda temos tempo para pensar, depois virá o tempo que é só para trabalhar!
Mas um Interrogativo é sempre com o Poema: um par incontornável, já que o poema é, como alguém disse, uma resposta sem pergunta e um Interrogativo um ser que faz perguntas sem resposta. Venham sempre os dois, Poema e Interrogativo, a par. Eu vos saúdo porque gosto muito de poesia e pensar.
"(re)Começamos", caro interrogativo?
Informo que estou "fechado" para (tomar) balanço", até Dezembro! eh eh!
N.B. Bem, a parte de mim que haja cansaço, fechará: a outra, não tem descanso. Está sempre pronta e presta para o balanço.
Tem alguma razão no que diz: ninguém a tem toda, como é sabido - a raiz dela é vasta demais para a abarcamos com o olhar do parco entendimento.
Mas, ainda bem que somos de vista curta, meu amigo: assim podemos ver os detalhes.
Assim também, posso eu vê-lo a si, e o meu amigo a mim, outro detalhe.
Excelente dias todos, para o seu ano!
E para si também, caro José António Lozano!
Olha, há cá dois "lapdrey"?...
Isto é o mais puro despautério por pensar...
Começamos bem o ano...
Abraços!...
A propósito: Dois lapdreys?
E quantos lozanos?...
Estou curioso...
Cambada de malucos!...
Estes turistas visitam cada monumento...!!
Sim, porque esta Serpente é um monumento erigido à lucidez, tanto quanto à loucura!
Grato pela visita, sr. turista!
Volte sempre, ou... volte nunca!
Vai ao mesmo!
O poema éra uma dívida para os amigos. Começar o ano com um outro sabor a como acabou.
Todos temos algo que aprender
Voltarei.Desejo-lhes a todos um Bom Ano, também a si, Sr. Lapdrey ou Lapdreys, não sei.
Uma piscadela de olho!
Pensar, em galaico-português, além de "cuidar" e de "sarar", também parece ter o sentido de "alimentar"... Nalgumas aldeias ainda se diz "pensar o gado". Neste sentido, e não só em termos gnosiológicos, é óbvio que se pode pensar bem ou mal.
Grande abraço, Chiqui!
Grande abraço, Paulo. Começamos bem!
Gosto muito do pensar não gnosiológico. Este poema pensa, quero dizer, sara, cuida, alimenta uma parte de mim, sobretudo a parte que o outro pensar rasga em mim.
José não consigo comentar no teu blog! Sou mesmo uma tola informática, para não dizer que sou uma tola de tudo...mas já li os três textos...
Um sorriso para todos: aos que pensam de uma maneira e de outra. Este ano podia ser o ano do "e", para não ser sempre o do "ou"...
Caro José António Lozano,
Tenha como certo que jamais me "ocultarei" - se bem que inevitavelmente sempre nos "ocultemos" de algum modo, aqui: é "fatal" jogo de espelhos, nem que seja com nós mesmos, apenas.
Nem me "diluirei" por outros personagens incógnitos.
Apenas o disse daquele modo porque a linguagem e um certo tom, me pareceram porventura semelhantes a um certo tom meu, em certos momentos, com certas pessoas/personagens anónimos, aqui.
Abraço, e admiração.
(Por favor, queira retirar o "senhor": tenho menos de cem anos, ainda...)
Feliz ano e muito pensar, pensamentos galaicos, anatólios, saudosos dos corpos destinados para amar... rosas de nenhum lugar.
Um abraço
Pensaste e sentiste um grande poema a passar
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