O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Será isto idiotice, superstição ou ilusão?



O conceito tradicional expresso no verso do Panchastavi, já reproduzido, refere-se a Shiva, ou à consciência universal, como destruidor de Kamadeva, isto é, de Cupido. Isso tem profundo significado. Num sistema saudável e harmonioso, quando do despertar da Kundalini, um fluxo constante de energia reprodutora sublimada, em ondas radiantes, sobe para o cérebro, causando um estado inexprimível de êxtase, e uma excitante, maravilhosa transformação da consciência. A pressão dos órgãos de geração é instantaneamente libertada e o apetite sexual diminui ou desaparece por completo. Por esse motivo, muitos místicos levam a vida celibatária e mostram aversão pelo casamento e mesmo pelas livres relações com membros do outro sexo. Houve também místicos e iogues que tiveram vida de casados, com filhos, mesmo depois da iluminação. Muitos videntes dos Upanixades, e a maior parte dos sábios védicos, foram homens e mulheres casados. Há claras referências nos trabalhos dos conhecidos filósofos Achinava Gupta e Shankaracharya, a Urdhata Retas, isto é, à capacidade obtida pelos iogues adiantados de levar a essência reprodutora até Brahma-Randra, no cérebro. Os livros sobre Hatha Ioga e sobre os Tantras muitas vezes aludem a esse estado. Os tratados chineses e tibetanos sobre Ioga e meditação também incluem detalhadas descrições e métodos para alcançar essa condição.

A questão é a seguinte todas essas afirmativas e declarações são simples vôos da fantasia ou há fundamento sólido por trás delas? Somente na Índia há evidência incontestável mostrando que a crença nesse culto e sua prática têm persistido por não menos de cinco mil anos. A evidência no Tibete, na China e no Japão, estendendo-se também por milhares de anos, torna essa posição quase inexpugnável. O sistema de Hara, no Japão, também acredita na existência de um reservatório de poder situado abaixo do umbigo. Podemos rejeitar todo esse testemunho como idiota, supersticioso ou ilusório?

Gopi Krishna, O Despertar da Kundalini, São Paulo, Cultrix, 2009, pp.37-38
foto: Gopi Krishna, google imagens

4 comentários:

Julio Teixeira disse...

Terá porém de percorrer para não haver perigo de sair todos os centros de energia debaixo para cima...
Mas como já também devido aquela águia ter voado...
A regra a elevá-la so até a região umbilical e de cima descer Fohate...
Para desse encontro resultar um outro homem, já também num estágio adinte dos Iogues e Gurus.
Chamam-no de Bimânico...
outros Luzbelinos ou lusitanosdofuturo...
Se Pessoa estiver errado e não nos despersonlizarmos como povo...
Diz também um outro conto que aqueles que despertaram do sono do Edem ou despertado acidental a Kundaline sem que esta se aloje nem escape pelo alto da cabeça...
O lusitano é originalmente homem de quatro costados e feito dos quatro metais...
Não é de estranhar se em algum momento a solda destes metais foi kundalini...

João de Castro Nunes disse...

"Idiotice, superstição ou ilusão?"
- De tudo... um pouco! JCN

Julio Teixeira disse...

Absolutamente desvendada...

Julio Teixeira disse...

Fosse tudo só a Pedra Cúbica do Universo!
Fosse só ela sem algo em cima dançando!
Rindo ou chorando!
Ou fosse em cima dela
só um canto,
conto, prosa soneto e verso!
Não fosse em cima da pedra cúbica um Oceano de ondas e cenas
e versos que não cabe num soneto!
Não haveria o dentro e fora,
branco e negro e colorido,
não haveria o múltiplo
nem o individuo, que já chegou aos bilhões...