O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O que em ti nasce e morre

O que em ti nasce e morre és tu, não o sem ti de ti, vasto e incriado como o espaço. É nisso que aquilo a que falsamente chamas eu e mundo reside, mera ilusão de óptica, mera distracção da sabedoria travestida de mente, de-mente.
Essa distracção é toda a história do universo, dos mundos, de todos e cada um dos seres, deuses incluídos. A tua história. A história do grande fazer de conta. O grande mito da realidade.

4 comentários:

Anónimo disse...

Quem poderá suportar que a realidade seja um mito ? Sobretudo a "sua" realidade !? Quem poderá ver que o ser é ilusão ? Que proposta inumana aqui serpenteia ?

Anónimo disse...

Sim, que serpente é esta ? A que tenta Adão-Eva para a queda ou a que lhes abre os olhos ? A dos ortodoxos ou a dos gnósticos ? Ou as duas ? Ou nenhuma ?

Anónimo disse...

Porque não apenas serpente ? Eu mesma, da pele de mim própria eternamente evadida !... Eu mesma, a tua mais funda intimidade, de si e de ti maravilhosamente ignota, ó tu que pisando-me me libertas e te esmagas !

Anónimo disse...

Parece que por aqui desperta aquela serpente que se enrosca nas sete colinas de Lisboa... Aquela que em "Línguas de Fogo" a tudo e ao próprio leitor devora...