O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

O amor em Beirute

O amor em Beirute é Indignado!
Nós somos Beirute, em casacos de cabedal!
Oiço-te ranger os dentes, quando gostas da prisão!
Guerras frias, seduzem esse teu ouvido animal.
Como ser salvo, meu amor... de chaves na mão?!
Digo angústia, dizes salta;
digo medo, dizes despe-te!
Peço-te por favor e dizes...
ternamente, minha querida!
As palavras adoçam-te os lábios!
Esses mesmos lábios revoltados...
E eu rio-me, quando te espreito
pela noite, já embriagado,
por te ver assim, doido, cansado,
parido ao contrário!...
O amor, em Beirute, é insubmisso.

2 comentários:

Anónimo disse...

Paridos ao contrário é o que precisávamos todos de ser !... Excelente imagem !

Anónimo disse...

Bom texto. Não posso deixar de recordar o "Amor Louco", de Breton... O verdadeiro amor é sempre insubmisso !