O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 26 de janeiro de 2008

तत् त्वम् असि, ( Tat Tvam Asi, "Tu és Isso" ) - Chandogya Upanishad , 6.8.7

“Na indizível dificuldade de sermos a luz que somos e de vê-la sendo, na experiência de que falo, sentir-nos-emos uma presença intemporal, eterna, de nós a nós – sentirás como abruptamente, atonitamente, terrivelmente, é como se visses alguém vivendo em ti, uma pessoa que lá estava e não estava, uma realidade estranha e fulgurante, um alguém que não és tu e te habita e vive atrás de tudo quanto o manifesta, oculto atrás dos teus gestos, dos teus pensamentos, disfarçado nisso que tu és e tu e os outros reconhecem”
– Vergílio Ferreira, Invocação ao Meu Corpo, p.67.

"Por trás do espelho quem está
De olhos fixados nos meus?
Alguém que passou por cá
E seguiu ao deus-dará
Deixando os olhos nos meus.

Quem dorme na minha cama,
E tenta sonhar meus sonhos?
Alguém morreu nesta cama,
E lá de longe me chama
Misturado nos meus sonhos.

Tudo o que faço ou não faço,
Outros fizeram assim.
Daí este meu cansaço
De sentir que quanto faço
Não é feito só por mim"

- Fado "Cansaço", letra de Luís de Macedo, cantada por Amália Rodrigues

2 comentários:

Anónimo disse...

Somos outro. Não somos: é-nos.

Anónimo disse...

Quem poderá virar-se do avesso e pôr a nu as suas próprias entranhas ? Quem poderá re-voltar-se e ver-se, ao arrepio da merdosa chatice do mundo !?