quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Se tudo é ilusão ...
... se nada alguma vez exisitiu, e se o próprio sofrimento, amor e compaixão são ilusórios, será que vale a pena fazermos alguma coisa, o que quer que seja, para tentar deixar o mundo um pouco melhor do que quando cá chegámos? Será que vale a pena fazer alguma coisa, ponto final? Fazer com que este planeta dure um pouco mais de tempo e que a agonia dos seres seja menos dolorosa?
Será que vale a pena sequer dançar?
Se o próprio amor e compaixão são "chuchas com menos teor de açucar", não seria muito mais inteligente baixar os braços, sentramo-nos em posição de lotus ou noutra posição qualquer e deixar que os elementos nos dissolvam?
Será que vale a pena sequer dançar?
Se o próprio amor e compaixão são "chuchas com menos teor de açucar", não seria muito mais inteligente baixar os braços, sentramo-nos em posição de lotus ou noutra posição qualquer e deixar que os elementos nos dissolvam?
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10 comentários:
É claro que nada vale a pena. Daí o conceito oriental da "não-acção". Não agir significa exactamente isso. Quanto a mim, é o passo seguinte do existencialismo francês (apesar de ter sido dado antes, no Oriente). Porque, enquanto no existencialismo ainda estamos perante o choque, o incrível choque, da ausência de sentido da vida, e ficamos como que parados, sem saber o que fazer perante esse nada nadificante, no oriente já se tinha dado mais um passo com a técnica da não acção.
A técnica da não acção diz que, se nada vale a pena, então deves deixar as coisas fluir, sem empurrar nem para a direita, nem para a esquerda, nem para trás, nem para a frente. Quando isso acontece, acontece o verdadeiro desapego, tu desapareces mas todo o mundo nasce em ti...
É o Existencialismo levado até ao extremo, e que renasce, mais do que como um Idealismo: como absoluta Liberdade e Transcendência.
É claro que isto é na teoria, na prática, ao estar cheio de dores de barriga, não consigo pensar em mais nada...
^_^
PS - também devíamos dizer que "tudo vale a pena". Bolas, temos de escrever um outro texto sobre isto...
repara que, se tivesses feito isso, se tivesses realmente feito isso de "baixar os braços e deixar que os elementos nos dissolvam" terias descoberto que eles não te dissolvem...
Eles começam a dançar e a cantar dentro de ti, feitos malukos!! Feitos eternos malukos!! E dessa dança ou do seu sabor já não escapas mais, enquanto estiveres lúcida!
Experimenta!! A vida NÃO faz sentido, não há saída, não há salvação, não há Buda, não há iluminação, não há caminho: NADA, mas mesmo nada, vale a "pena"...
^_^
A minha resposta está no comentário nº15 ou 16, já não sei, ao meu texto "Sobre os "Animais Iluminados""...
Eu acho que a ilusão tem uma função muito evidente, a de nos encaminhar para o que interessa
(em vez do contrário), isto é, para a consciência da Consciência.
A ilusão poderá ser uma desilusão no sentido "despertado" do termo ou no sentido "afundado".
Mas não interessa a ilusão em si mas por si, isto é, o que interessa é o que tu vives por Ela, a verdade do teu Ser, a experienciar Ser ou a experienciar Não Ser.
Ilusão ou Realidade, a dada altura já não importa essa tentativa de discernimento ou até mesmo constatação, pois entras numa outra dimensão, que o mesmo é dizer Visão, onde tudo o que te Acontece é Vital. Não percebes a Vida mas Vive-La. Hold it. Take it. Drink it until the last drop reveals to you: there's no secret to reveal.
Um beijinho
De que andam estes gajos a falar !?... Isto parece um asilo de alienados...
Se quisesses mesmo saber do que estamos a falar não perguntarias.
"Nada vale a pena" ? Claro, "Nada" vale a pena ! O "Nada" incriado vale a pena ! Livres de nós e de tudo, reduzidos ao que é sem ser isto ou aquilo, livres de medo e de expectativa, livres de eu e não eu, podemos espontaneamente ser e fazer o bem de tudo e de todos, sem limites ! Ser sem ser, pensar sem pensar, falar sem falar, agir sem agir. Gozar a vida fazendo o melhor para todos ! Que gozo melhor do que esse !?
Atenção Luar Azul, o que eu retenho da via existencialista não é o nada vale a pena propriamente dito, ou melhor, a não acção. Retenho, sim, a fruição do risco de ter de optar, a relatividade valorativa, o ênfase do fazer-se a si mesmo do Homem, apesar de tudo e de nada.
Acho que tens razão Tamborim. O que eu queria contrapor era a tonalidade desesperada de um "estamos condenados a ser livres" à exuberância em êxtase do "Sou LIBERDADE!"
Entendo Luar Azul:)
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