terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Um texto sobre a beleza, o sagrado e os sentimentos
Que dizer da beleza deste mundo? Simplesmente que é bela ou comovente. Mas, porquê a comoção? É como que algo, como se um software, que está instalado em nós. Sempre que vejo a beleza, vejo a sublimidade, o amor, o infinito... numa paisagem, numa canção. Não consigo encontrar nada mais que isso, nada mais belo que isso, ao ponto de a beleza ser a coisa mais bela que há no mundo e, por ela, a vida valer a pena. Que seria a vida sem estes belos sentimentos?, pois é de sentimentos que se trata, não sendo o hemisfério esquerdo que reconhece este não sei quê que encontramos em certos fenómenos. Será a beleza, o sentimento, qualia, da beleza, uma ilusão? Creio que a vida pode ser beleza, festa, morte ou ilusão, dependendo isso do nosso estado mental, da nossa propensão. Por mim, fico com a beleza, não me apropriando dela, porque o que possuímos pode possuir-nos, mas fico como que a seu lado, considerando-a o que de mais sagrado há, precisamente co-criado por nós. Na verdade, que há de verdadeiramente sagrado que não este sentimento indescritível que nos perpassa quando estamos perante o belo, o amor, a sublimidade, o infinito? Por isso, o sagrado encontra-se no reino da subjectividade e da intimidade. Aceito que, até, muitas vezes, sejamos nós próprios a construi-lo. O sagrado é o humano nos limites da sua experiência afectiva.
Nota póstuma: entende-se, do texto, que sacralizo aquilo que é simultaneamente beleza, amor, sublimidade e infinito. É um estado construído por nós em relação com o fenómeno com que nos deparamos. Mas há uma questão perene que subjaz em certa parte do texto: o que é a vida? Digo que é ou beleza ou festa ou morte ou ilusão. Beleza, se vivenciarmos o mais possível o estado de contemplação do belo; festa, se aceitarmos com alegria o tudo que a cada momento nos é dado; morte ou ilusão, se vivermos sem navegar. Pergunto-me: em que outro sentido pode a vida ser ilusão? Mais do que isso, pergunto o que é a vida. Será esta uma questão que habita em todos os espíritos pensantes, sem resposta ou com ensaios de resposta, durante toda a vida? O que é a vida?
Nota póstuma: entende-se, do texto, que sacralizo aquilo que é simultaneamente beleza, amor, sublimidade e infinito. É um estado construído por nós em relação com o fenómeno com que nos deparamos. Mas há uma questão perene que subjaz em certa parte do texto: o que é a vida? Digo que é ou beleza ou festa ou morte ou ilusão. Beleza, se vivenciarmos o mais possível o estado de contemplação do belo; festa, se aceitarmos com alegria o tudo que a cada momento nos é dado; morte ou ilusão, se vivermos sem navegar. Pergunto-me: em que outro sentido pode a vida ser ilusão? Mais do que isso, pergunto o que é a vida. Será esta uma questão que habita em todos os espíritos pensantes, sem resposta ou com ensaios de resposta, durante toda a vida? O que é a vida?
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3 comentários:
Take1: É como o tempo: um pulsar.
Take 2: Um pulsar mas com personalidade. O tempo seria só um pulsar, distenso e não preenchível.
Um sagrado subjectivo, construído e humano !? Mas que é isso senão o profano ?...
Nem tudo o que é humano é profano. O sagrado é (ou pode ser) uma construção humana e não é profano. Quero apenas dizer que, quando reconhecemos o sagrado, na nossa subjectividade, isto é, quando o compreendemos intimamente, experiência na primeira pessoa, estamos no auge da nossa experiência afectiva, como quando esse sagrado se nos mostra como beleza, amor e infinito. Isso não obsta a que haja, objectivamente, uma "coisa em si" juntamente com a qual construímos o fenómeno a que chamamos "sagrado". O sagrado não se mostra, necessariamente, de uma única forma e, até, mostra-se, penso (se conhecesse as outras mentes), de diferentes formas a diferentes pessoas, porque o sagrado e a relação da pessoa com o sagrado é construída com base no que essa pessoa é: um indivíduo único. Logo, sairá dessa relação uma construção única. Temos as igrejas. Uma igreja é objectivamente uma coisa. Dentro das igrejas temos os crentes. Embora, na terceira pessoa, todos rezem a uma mesma divindade, será que, no seu íntimo, todos concebem identicamente essa divindade? Penso que não. Será que essa divindade é desligável da concepção que o ser humano dela faz? Penso que não - ela é a concepção. Tanto quanto sabemos, pode até nem ter objecto que lhe corresponda no mundo extra-mental dessa pessoa ou de todas.
Tudo o que conheço é, em parte, construído pela minha pessoa e, necessariamente, indissociável da pessoa que sou. Se almejo conhecer o sagrado, terei então de, pelo menos em parte, construí-lo. Essa construção será diferente da que outra pessoa faça, ainda para mais porque, na minha perspectiva, o sagrado é o fenómeno que surge da relação entre uma pessoa e um dado objecto e não o próprio objecto. Claro, posso estar redondamente errado. :)
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