segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Perder a inocência ?
Casto Severo, cuja estreia neste blogue saúdo, faz-nos abandonar a infância e perder a inocência ? Provoca-nos com a ideia de uma redenção erótica, estranha para muita da "espiritualidade" e da "carnalidade", igualmente dualistas, que separam amor e redenção, de um lado, prazer, sexualidade e erotismo, do outro ? Muito aqui se poderia citar, de muitas tradições e culturas, mas recordemos para já um filósofo português, que hoje poucos lêem:
"O homem, ser infinitamente complexo, deu, ao primeiro instinto sexual, a riqueza de toda a sua alma. [...] as ciências, as artes e a filosofia são órgãos sexuais secundários. São, com efeito, um simples prolongamento sem fim da fome da unidade, que o estremecimento amoroso despertou. Por isso o homem ergue o amor até às culminâncias do seu Espírito"
"O homem chega à puberdade e irrompe o instinto unificador; não é o desejo de um prazer, mas a própria Alegria impelindo-o numa totalidade arquejante para um além que o complete. Nenhum cálculo estranho à pura fome de Unidade em que todo o seu ser, corpo e alma, se empenha. Atingiu de pronto um amor de corpo e alma, que, quando perfeito, seria apenas a consciência humana, de acordo com os fins do Universo, repondo a identidade fundamental do corpo e do espírito"
"Porque se cindiu o impulso integral que é o amor, síntese da espiritualidade e da carnalidade, perdeu-se a primeira, afogada num cálculo de interesses, substituindo à sólida Alegria criadora um catálogo de insubsistentes prazeres; perdeu-se a segunda, retirando ao enlace carnal o que ele tinha de verídico e significativo - a presença, no Espaço, que espalha e diversifica, duma força interior de Unidade que o absorve e penetra, tirando do múltiplo o uno, de dois egoísmos soltos fundindo maravilhosa síntese. E perdeu-se também o único, vitalíssimo significado que o amor infra-espiritual pode ter: a vibração física dum reencontro de parcelas, a pronta Alegria da unidade que se reconhece" - Leonardo Coimbra, A Alegria, a Dor e a Graça (1912).
"O amor sexual é que seria o génio que nos levanta a visão e, de terrena e egoísta, a faz luminosa e diligente. Por ele abre, adentro de nós, um novo sentido do Mistério. Sim: só o amor cria a visão etérea" - Leonardo Coimbra, Do Amor e da Morte (1921).
"O homem, ser infinitamente complexo, deu, ao primeiro instinto sexual, a riqueza de toda a sua alma. [...] as ciências, as artes e a filosofia são órgãos sexuais secundários. São, com efeito, um simples prolongamento sem fim da fome da unidade, que o estremecimento amoroso despertou. Por isso o homem ergue o amor até às culminâncias do seu Espírito"
"O homem chega à puberdade e irrompe o instinto unificador; não é o desejo de um prazer, mas a própria Alegria impelindo-o numa totalidade arquejante para um além que o complete. Nenhum cálculo estranho à pura fome de Unidade em que todo o seu ser, corpo e alma, se empenha. Atingiu de pronto um amor de corpo e alma, que, quando perfeito, seria apenas a consciência humana, de acordo com os fins do Universo, repondo a identidade fundamental do corpo e do espírito"
"Porque se cindiu o impulso integral que é o amor, síntese da espiritualidade e da carnalidade, perdeu-se a primeira, afogada num cálculo de interesses, substituindo à sólida Alegria criadora um catálogo de insubsistentes prazeres; perdeu-se a segunda, retirando ao enlace carnal o que ele tinha de verídico e significativo - a presença, no Espaço, que espalha e diversifica, duma força interior de Unidade que o absorve e penetra, tirando do múltiplo o uno, de dois egoísmos soltos fundindo maravilhosa síntese. E perdeu-se também o único, vitalíssimo significado que o amor infra-espiritual pode ter: a vibração física dum reencontro de parcelas, a pronta Alegria da unidade que se reconhece" - Leonardo Coimbra, A Alegria, a Dor e a Graça (1912).
"O amor sexual é que seria o génio que nos levanta a visão e, de terrena e egoísta, a faz luminosa e diligente. Por ele abre, adentro de nós, um novo sentido do Mistério. Sim: só o amor cria a visão etérea" - Leonardo Coimbra, Do Amor e da Morte (1921).
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