O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Realidade?

A exiguidade de nossos olhos
É nem tudo poderem abarcar,
Por isso fulminam a totalidade,
Para a poderem abocanhar.

5 comentários:

Anónimo disse...

Pois, só os cegos é que vêem alguma coisa...

Ana Moreira disse...

Caro cego,
Sem querer ser proselitista, esta quadra não tem por tema as virtudes da cegueira.
Esta quadra é uma demanda em torno da palavra exiguidade: limitação, estreiteza, deficiência.
É claro que todos os seres vêem alguma coisa... a questão é a forma como a nossa fome de razão nos cega para as limitações de qualquer um dos sentidos, como deformamos, mutilamos, engolimos e digerimos a plenitude a totalidade e a apelidamos de realidade, ou, ainda pior,de verdade.

Anónimo disse...

Sim, mas é exactamente essa a minha cegueira... Sou cego por ver alguma coisa, algo, e perder o todo-nada...

Ana Moreira disse...

Pois então, companheiro não estás só, também eu sou cega!

Paulo Borges disse...

Visão pura: não visão.