sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Uma breve reflexão sobre a realidade (jogo do ser e não-ser) e sobre mim mesmo
O jogo do ser e não-ser é o jogo do não ser, vir a ser, ser e deixar de ser - a realidade ela mesma. Não podemos sair do jogo, quem sabe se na morte; no entanto, porquanto entendermos que nada nunca não existiu, mas que é eterno nos seus diversos modos de ser ou aparições (ou não aparições...), entendemos que não podemos sair do jogo, objectivamente, embora possamos entender que, subjectivamente, saímos de facto do jogo (ou não estamos nele...), no desaparecimento e antes do aparecimento daquilo a que chamamos "eu".
É uma hipótese: o Universo enquanto palco de transformações é eterno... ele é as próprias tranformações, no seu todo, eternas. Bebe do cálice hinduísta, porque enuncia um espaço cíclico (embora ponha o eterno retorno entre parênteses) onde ocorrem as dores e alegrias dos seres, no qual pode inclusivamente ocorrer reencarnação, mesmo segundo a lei do karma; seria o equivalente ao samsara. Bebe do cálice budista, porque enuncia um eu (subjectivo) impermanente, insubstancial, que nem sempre existiu e condenado a desaparecer; seria o equivalente ao anatman, por oposição ao atman de certas correntes hinduístas.
Apesar de referir ao que são equivalentes as ideias que expus, lançando para a fogueira uns ténues laivos de sabedoria, não interessa realmente ao que são equivalentes, mas o que são. Resumindo: o Universo é eterno e é o conjunto de todos os seres; tudo existe desde sempre e para sempre, embora, antes e depois de vir a ser e deixar de ser, sob outras formas (ex. os seres vegetais, animais ou humanos após a morte) ou, pelo menos, intemporalmente na génese destas (que são seres).
O que há em mim de incriado, de incondicionado? Aquilo que está na génese de tudo.
O que há em mim de criado, de condicionado? Todos os seres que fui e serei, na e para a eternidade, para os quais nem nome temos.
É uma hipótese: o Universo enquanto palco de transformações é eterno... ele é as próprias tranformações, no seu todo, eternas. Bebe do cálice hinduísta, porque enuncia um espaço cíclico (embora ponha o eterno retorno entre parênteses) onde ocorrem as dores e alegrias dos seres, no qual pode inclusivamente ocorrer reencarnação, mesmo segundo a lei do karma; seria o equivalente ao samsara. Bebe do cálice budista, porque enuncia um eu (subjectivo) impermanente, insubstancial, que nem sempre existiu e condenado a desaparecer; seria o equivalente ao anatman, por oposição ao atman de certas correntes hinduístas.
Apesar de referir ao que são equivalentes as ideias que expus, lançando para a fogueira uns ténues laivos de sabedoria, não interessa realmente ao que são equivalentes, mas o que são. Resumindo: o Universo é eterno e é o conjunto de todos os seres; tudo existe desde sempre e para sempre, embora, antes e depois de vir a ser e deixar de ser, sob outras formas (ex. os seres vegetais, animais ou humanos após a morte) ou, pelo menos, intemporalmente na génese destas (que são seres).
O que há em mim de incriado, de incondicionado? Aquilo que está na génese de tudo.
O que há em mim de criado, de condicionado? Todos os seres que fui e serei, na e para a eternidade, para os quais nem nome temos.
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2 comentários:
O budismo enuncia um eu "que nem sempre existiu e condenado a desaparecer" ou a sua não origem nem cessação ? De uma miragem ou de um sonho que se reconhecem nunca haver realmente existido pode dizer-se, em rigor, que tiveram início e fim ?
Quanto à primeira questão, não sei; quanto à segunda, eu respondo que os sonhos existem e que, se a realidade é como um sonho ou uma miragem, tem algo real ou "substancial" a gerar esse sonho, ou esse sonho é real e, por isso, pode ter princípio e fim, embora o sonhador possa não ter princípio nem fim, nem estar sempre a sonhar.
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