O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 5 de novembro de 2009

devir revolucionário

o plano de imanência onde pululam os conceitos é o princípio da filosofia.

O conceito não é um movimento unilateral (uma luz dirigida para a coisa), mas sim imanente à realidade, brota dela e serve justamente para torná-la compreensível. O conceito não é uma representação, muito menos uma representação universal, é uma aventura do pensamento. Todo o conceito é um multiplicidade, totaliza oe seus componentes ao constituir-se, mas é sempre um todo fragmentado, o próprio conceito é uma problematização, um devir revolucionário no infinitamente pequeno, um pensar molecular, desterritorializado e sempre territorializado lateralmente, horizontalmente, nunca hierarquicamente, verticalmente.

7 comentários:

baal disse...

emendo: o 'T' passa a 't' e o 'O' a 'o', descuidos.

Paulo Borges disse...

Caro baal, não vejo o conceito (con+capio) senão como uma garra que tudo quer agarrar e nada agarra... Muito menos o nada.

Mais vale partir, dançar e cantar

À desgarrada!

Saúde

baal disse...

caro paulo,
nada fica, nem a filosofia?
a minha resposta é concordante.
mas como agir? questão que tem colocado.
não será necessário criar conceitos sempre mutáveis (em caleidoscópio)como forma de cumprir um desejo tendente a criar 'algo',não é isso que o paulo tenta produzir (os conceitos são produçao que pressupõe mutação)com as suas propostas?
saúde
para ser sincero cada vez é mais a vontade de partir à desgarrada, força dos tempos que correm.
à luta

Paulo Borges disse...

Claro, os conceitos podem ser usados, como instrumentos, enquanto forem necessários. Mas a verdadeira revolução, creio, está em deixá-los todos cair e soltarmo-nos na liberdade que há em nós. Des(a)garrarmo-nos!

Pois de um mundo de agarrados (ao poder, à riqueza, à fama, à espiritualidade, a si) já estamos fartos!

Anónimo disse...

Novo "Grito do Povo", baal:
Des(a)garremo-nos!

Um braço para a dança que nos des(a)garra, "desconceituando-nos" de nós..."deleuzianamente"... de modo esquizofrénico des-capitlizado (risos)

Um "pensar molecular,desterritorializado", como bem diz Deleuze, horizontalmente...

Todas as letras "capitais" são descapitalizadas. Já!

Um abraço fraterno.

baal disse...

saudades da fec(ml), saudades(risos)?
é verdade, torna-se premente agir. caso contrário não é sem país que ficamos, mas sem vida que mereça ser vida (pelo menos enquanto passamos)os princípios, os autores são para ser adulterados (como o que amamos) é esta a nossa forma de os respeitar.
à luta.

João de Castro Nunes disse...

Comigo... não! JCN