O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

questão

devemos responder ao intolerável da realidade com uma filosofia do desejo?

estão convidados a responder os que nas artes caminham, não esquecendo os defensores do intempestivo, os criadores de conceitos... esses a que vulgarmente chamam filósofos.

2 comentários:

Luiz Pires dos Reys disse...

Qual é a medida-padrão para... "intolerável"?

Onde está isso de ... "realidade"?

"Filosofia do desejo"? Philia não joga com desejo, nem mesmo em grego.
E, ao desejo, prefiro a vontade ou a "apatheia".

"Defensores do intempestivo" são os hipotenusos (ao quadrado) da "filosofia política"(?), que não fazem nem uma coisa nem outra.

Quanto a "criadores de conceitos": cá me parece que "conceitos", hoje, só os do design, da publicidade e da moda, que nos formatam e empacotam por todos os lados.(Menos pelo lado da revolução, que há-de vir - há-de "vir"! - ao mesmo tempo, bem parece, que o final dos tempos: fica, depois, é apertada a coisa de levar a cabo. Bolas!)

"Definições"...
Ah, isso, é mais com a ciência, não será? Os poetas, por exemplo, são um desastre em definições, não são, baal?
Se não, vejamos: "Le poème est l'amour réalisé du désir demdeuré désir" (René Char)
Já viu? Isto só atrapalha. E não dá uma para a caixa (das revoluções, e dos desejosos delas, claro)

Acho que estamos conversados, meu amigo.

Vá lá, baal! Dê lá de novo corda aos bonequinhos de loiça dos sacrossantos evangelistas Feuerbach, Marx e Deleuze. Amen.

(Ah,... e um abraço!)

Luiz Pires dos Reys disse...

Corrijo:
Onde se lê "demdeuré", deve obviamente ler-se "demeuré".