O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Os ídolos tombam na própria idolatria que os ergue

Se julgas ou esperas que uma língua, cultura ou pátria revele ou confira sentido à tua existência, laboras numa das mais estranhas e obscuras ilusões. Invertido, não vês ser a tua existência, pela sabedoria e amor que a ilumine, que pode dar sentido a qualquer língua, cultura ou pátria, elevando-as na mesma medida em que as transcenda e transfigure na comunhão do uni-diverso.

O culto de uma língua, cultura ou pátria empobrece-as, escravizando os que delas não fazem vias para as transcenderem. É isso que as mata, pois os ídolos tombam na própria idolatria que os ergue.

7 comentários:

Paulo Feitais disse...

A erecção dos ídolos é já, em si, uma queda...
:)

baal disse...

é bem verdade, mas o 'internacionalismo' é uma ideia perigosa.

João de Castro Nunes disse...

Derrubados os ídolos... só fica a trampa! JCN

Kunzang Dorje disse...

e se um ídolo for um mestre espiritual a quem o discípulo entrega toda a sua devoção?

Paulo Borges disse...

Não me parece que um mestre espiritual aceite que façam de si um ídolo. No budismo chama-se a isso devoção cega.

João de Castro Nunes disse...

No budismo... assim será: mas há mais mundo... para além do budismo! JCN

Paulo Borges disse...

Gostava que o baal explicasse os riscos do internacionalismo. Não é que o defenda: prefiro o universalismo.