O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Conhecesse eu os mares
desde a sua infância
e num voo de ave regressar ao útero de minha mãe

*
Desvendasse eu o Tempo
de pôr amor sobre todas as Coisas
e as coisas todas sobre as manhãs que crescem nos vinhedos

*
Que uma criança ao nascer me diga o que viu
como se escreve os poemas simples
que eu estarei com a boca na vertigem para a ouvir

*
Pudesse eu dizer-te coisas mudas
ver-te por dentro da cegueira
onde o amor começa e o poema se consagra

*
É branca a imaginação da terra
e perante ela curvo-me e poiso a fronte
como um plantador de magnólias

3 comentários:

Paulo Borges disse...

O dia começa bem: poeticamente habitamos a terra.

Saudações

platero disse...

eu gostaria de ter escrito

abraço

João de Castro Nunes disse...

O sonho de todos os Poetas... plantadores de magnólias! Bolas de sabão... todos os dias esvaziadas e logo retomadas... até ao fim dos Tempos. O drama dos Eleitos. Não curve a fronte; quebre lanças contra os provocadores... moinhos de vento! Nem que nos corram... à pedrada! JCN