O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 10 de outubro de 2009

À laia de comentário (bloqueado):

Sabedoria... é uma coisa; saber ("exibição de conhecimentos") é outra. O resto... deduz-se. Poesia... nada tem a ver! JCN

16 comentários:

Anónimo disse...

A Poesia, JCN, também é, creio, um sabor e um saber; um sopro e um ritmo; um equilibrio proporcionado: no ornato, na retórica, ou na lição propriamente dita, no ensinamento. Mas... ornato, ritmo (velho ou novo), segundo concepções, modelos, estruturas outras, cada vez mais complexas para chegar ao simples, ou o inverso caminho... que são apenas fruto de uma estética...onde não entra a ética...

A ética diz respeito à conduta à dimensão da nobreza de alma...
(Somos imperfeitos! Ponto final.)

Deve a poesia, a meu ver, JCN, sujeitar-se à Poesia e não ao Poeta; ao Espírito a que aspira e ao dizer a que a palavra se alcandora para voar... A poesia é uma linguagem do Ser, não sou eu que o disse. E não cito, para não parecer querer exibir conhecimentos... por comodismo... etc.... nem quero simplificar demais para não querer exibir a minha ignorância...

Deve a Poesia, sujeitar-se à Bondade e à Beleza, mas... e se assim fosse como ficari a Verdade da Poesia ou da Poesia da Verdade!?

... Aí, JCN, a Sabedoria humildemente veneraria e profetizaria um mundo do futuro, um mundo onde a ordem seria uma outra no Caos de Toda a Ordem, na Desordem de Toda a Paz.

A sujeição à Bondade e à Verdade... talvez a isso aspire a Poesia (sendo que religa os mundos em que se move). Por isso se diz do Poeta, profeta, e da Poesia, um sopro quiçá divino...

Também a isso aspira a melhor Poesia, a que para além da forma bem proporcionada e equilibrada - o violino e o ornamentado fa(c)to,
se dirige a um Céu menos esteriótipo clássico do Canto, e se abra ao diálogo com a filosofia das ideias de...

Talvez tenha dito isto apenas para o pensar por escrito, convosco.

Saúde!

João de Castro Nunes disse...

Muito bem dito e quiçá melhor pensado! Só que não há Estética que sem Ética resista: socraticamente discorrendo, só é bom o que é belo! E que beleza tem vilipendiar um ancião, só pelo facto de o ser?--- Já pensou?... JCN

João de Castro Nunes disse...

Permita, "saudadesdofuturo":

MANIFESTO:

Sejamos pós-modernos, actuais,
inteiramente descomprometidos,
sem constrições nem peias doutrinais,
sejamos nós... em todos os sentidos!

Não deixemos de ser originais
mesmo tratando temas já batidos,
pois não faltam maneiras pessoais
de refazer... poemas conhecidos!

Aproveitemos tudo quanto for
estilisticamente de valor
para expressar as nossas emoções!

Quer em soneto quer por outra via,
pelo braço de Torga ou de Camões,
importa só... que seja Poesia!

JOÃO DE CASTRO NUNES

João de Castro Nunes disse...

E ainda:

ESPONTANEIDADE

A vera Poesia não se ensina,
a poesia faz-se... tão-somente
por um imperativo que se sente
ser de raiz ou índole divina.

Não é produto ou fruto de oficina
sob a batuta de um qualquer docente
porque ser-se Poeta é simplesmente
uma questão de vocação ou sina.

A poesia pura só se alcança
quando se estabelece uma aliança
do ser humano com a divindade.

Para se ser Poeta é necessário
ter-se um carácter intermediário
entre o talento e a sensibilidade!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Quer mais? JCN

Anónimo disse...

Longe de mim, JCN, achar beleza ou bem em bélicas lutas, mesmo que sejam apenas de palavras sem ofensa... mesmo que sejam em poesia ou prosa: "lutas florais" que acabam por ser ridículas (se não conseguirmos ironizar sobre elas e com elas).
Se percebermos, verdadeiramente,que o jogo divino não é "entre o bem e o mal"...

Longe de mim (não me confundam), tentar "moralizar" ou argumentar e ou esgrimir razões, sejam elas quais forem, para sustentar quaiquer acusações ou defesas...

Não tenho para isso retórica que baste nem ao "poeta" ficam bem tais artes...

O que às vezes gosto mesmo, para além de gostar de vós todos, é de brincar: uma vontade enorme de rir de todos os nossos defeitos (e são tantos!) De todas as nossas veleidades e vaidades... Brincar, como fazem as crianças. Sem maldade, às vezes com um sorrisinho malicioso, mas com simplicidade no coração...


"Só importa a Poesia?!" Bem... não só... Poeticamente (sorindo)me despeço e peço que a Poesia seja cada vez mais despersonificada: uma poesia sem poeta...

Não conheço é nenhum Poeta sem Poesia... se verdadeiramente o for...

Agradeço o poema.
Um resto de bom Sábado
e boa Saúde para Domingo.

João de Castro Nunes disse...

Para terminar, entre desapontado e desconvencido:

ACONTECE

A poesia não se faz com normas
nem regras de gramática ou retorica:
reveste-se das mais diversas formas,
seja qual for a concepção teórica.

A poesia propriamente dita
brota de dentro da alma do poeta,
como quem reza, clama, chora ou grita
conforme o sentimento que o afecta.

A poesia independentemente
da respectiva forma ou conteúdo
é a expressão verbal do que ele sente.

A poesia não se faz ou tece
em vigilante e porfiado estudo,
pois pura e simplesmente... ela acontece!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Anónimo disse...

Vê, JCN?

É como lhe digo!... Ter um poema como "arma" certeira para cada situação não me parece a melhor forma de dialogar e de se entender ou desentender seja com quem for...

Com toda a franqueza, é talvez esse aspecto que menos aprecio no seu "diálogo" serpentino.

Contudo, continuo a achar imensa graça a algumas das suas expressões de ironia!

Por exemplo: "Atirem pedras, medíocres! é engraçada!
entre outras...


Quanto aos sonetos... uns estão melhor conseguidos, outros menos...
Não há, creio, genialidades "sonetísticas" a defender... Seria uma patetice, JCN.



Pérolas? Só as do Coração me interessa polir para melhor ver o outro e ver-me no outro.

João de Castro Nunes disse...

Mais bem ou menos bem conseguids, tenho de reserva "joias de alto preço" para todas as eventualidades e circunstâncias. Genialidade... discutível- Prepara-se grande edição. Depois... remeto com merecida dedicatória, apesar de "vilipendiado" na minha ancestralidade. JCN

Anónimo disse...

Agradeço a gentil intenção de oferta das "joias de alto preço".
os livros... são os livros: irrecusável!

Jamais teria eu qualquer razão para "vilipendiar" (como seria isso possível?) quem quer que fosse, muito menos Poeta e muito menos ainda, sendo ancestral a sua idade e génio (vá lá! reconheçamos ambos que existem ambas em quantidade generosa!) segundo afirma.

Um abraço e sucesso editorial.

João de Castro Nunes disse...

A graça, para o ser, tem de ter graça; caso a não tenha, torna-se... desengraçada. Será o meu caso
por ancestral... genialidade. Soneto... à vista! JCN JCN

João de Castro Nunes disse...

Sucesso é coisa que não busco, porque de sobra o tenho, para dar e vender! Até me enfastia! Chovem pedras... de todo o lado! JCN

Anónimo disse...

Não seja tão modesto e "rabujento" JCN!

antiquíssima disse...

Esquelético.

João de Castro Nunes disse...

Cansei-me de ser modesto! JCN

João de Castro Nunes disse...

Quanto a "esquelético"... bem faço por isso! Sou sobre o anafado. E fraco de ossos. A artose... não me larga. Coisas da ancestralidade! JCN

João de Castro Nunes disse...

Venham mais pedras, que delas bem preciso... para a casa que estou a construir "à beira-mar / para o resto da vida lá passar". Se possível... já aparelhadas e de bom tamanho. Nada de calhaus rolados! JCN