O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 11 de outubro de 2008

LUNAÇÃO

(pintura de Lhano)


Ela trazia nas mãos a dicção do vento
Descosido o vestido media-lhe os silêncios
E descobria-lhe solares os seios onde poderia
Deitar a minha cabeça e quase roçar o universo
E talvez o mar viesse debicar
Entre o cais e a sede
A minha nuca enfim rasgada como rubro navio


luís filipe pereira

(www.lippepereira.blogspot.com)

4 comentários:

Paulo Borges disse...

Belíssimo! Abraço grato

Unknown disse...

E quase espelhando 'Lunação' está... Anul-ação, e porque não, Anelação.

luís filipe pereira disse...

Obrigado Prof. Paulo Borges, que saudades tenho das suas aulas. que alento me dão as suas palavras. Que referência será sempre para mim. Um abraço

luís filipe pereira

Anónimo disse...

Que maravilha perder-me nessa diccão, ler-te como zarpar na sonoridade: ancoradouro e rampa: "entre cais e sede"------