O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 14 de outubro de 2008

A Saudade ( Meditações no Deserto )

Ao longe na íntima sede intensa
uma ermida acena e traz aos passos um sinal para nela se entrar
tendo como única chave o entardecer que a vê nascer
e que sem legendas nos dá o seu Nome a beber.

4 comentários:

Paulo Borges disse...

Belíssimo! Neste preciso momento dava uma aula a falar da entrada no santuário íntimo da alma, no neoplatónico Damáscio.

Anónimo disse...

E eu entrava cada vez mais no bosque porque preciso do santuário íntimo da alma. Luíza, está quase. Desculpa. Sei que demoro muito tempo a orar...um sorriso.


Belo e belo o que deixaste...dizem os ecos qe perpassam o bosque. Eu digo uma vez, eles dizem muitas...o bosque éum lugar de repetições que invocam na alma recordações.

Anónimo disse...

Luíza,

Também eu senti que entrava nesse entardecer, como quem entra na ermida
e, em silêncio, bebi desse Nome.

Um abraço de Saudades

luizaDunas disse...

Paulo, os momentos em que na mesma hora ou no mesmo agora as almas se encontram e se comungam íntimas trespassam-me de júbilo.




Eu agora vim sentar-me à beira de um precipício, Isabel, a encher-me de fundura a caminho do Bosque onde me vou perder. Já tremo mas vou! E se for ao Entardecer poderei mesmo não mais voltar. Vai ser uma aparição o teu Bosque.


Saudades. Eu adorei aquele Alado Mensageiro: És tu no olhar do Mar Entardecido.

Abraço-vos