sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Dos Arquétipos do Ideal Português às Instâncias da Realização de Si - II
Oriente
Manência, procedência e abertura, a ex-istência é saudade da Origem sempre instante. A Origem simbolizada no Oriente, crepuscular alvorecer de um puro advir no seio do nada ou do primo e irredutível indiferenciado, alheio a qualquer entificação, divina, humana ou outra. Oriente não geográfico, sempiterno, sem Oriente nem Ocidente, ou seja, sem nascimento, duração, declínio e morte. Sol sempiternamente nascente e poente. Treva a iluminar-se, luz a entenebrecer-se. Caosmos.
Símbolo da matriz de todo o possível, da virtualidade inesgotável e infinita, onde toda e cada coisa é um poder ser tudo, o Oriente orienta, polariza e magnetiza a saudade de todo o ex-istente. Pois tudo o que aparenta tornar-se alguma coisa, tudo o que se de-termina e limita, aspira a transgredir-se devindo tudo o que pressente jamais ter deixado de ser. Mas só se pode devir tudo reconhecendo-se nada. Não o nada como não ser, mas enquanto “nulla res nata”, origem latina do “nada” português e castelhano: não manifestação onde nada se reifica e tudo é possível, sempre e a cada instante. Só o grau zero do ser é plenipotente matriz de todas as possibilidades, que nela são acto, antes de qualquer actualização parcial. Só o vazio é absolutamente pleno. Por isso a Origem, sem que em si o seja, se converte num fim e numa orientação, um fascínio que move ao seu reencontro tudo quanto dela se extravia, ou seja, tudo o que nela é e a é ignorando-o e ignorando-se pela identificação ilusória com o ser isto ou aquilo que o esquece e vela como o nada que é tudo. A Origem reorienta tudo o que a encobre encobrindo-se. Tornando-a e tornando-se Encoberto.
Manência, procedência e abertura, a ex-istência é saudade da Origem sempre instante. A Origem simbolizada no Oriente, crepuscular alvorecer de um puro advir no seio do nada ou do primo e irredutível indiferenciado, alheio a qualquer entificação, divina, humana ou outra. Oriente não geográfico, sempiterno, sem Oriente nem Ocidente, ou seja, sem nascimento, duração, declínio e morte. Sol sempiternamente nascente e poente. Treva a iluminar-se, luz a entenebrecer-se. Caosmos.
Símbolo da matriz de todo o possível, da virtualidade inesgotável e infinita, onde toda e cada coisa é um poder ser tudo, o Oriente orienta, polariza e magnetiza a saudade de todo o ex-istente. Pois tudo o que aparenta tornar-se alguma coisa, tudo o que se de-termina e limita, aspira a transgredir-se devindo tudo o que pressente jamais ter deixado de ser. Mas só se pode devir tudo reconhecendo-se nada. Não o nada como não ser, mas enquanto “nulla res nata”, origem latina do “nada” português e castelhano: não manifestação onde nada se reifica e tudo é possível, sempre e a cada instante. Só o grau zero do ser é plenipotente matriz de todas as possibilidades, que nela são acto, antes de qualquer actualização parcial. Só o vazio é absolutamente pleno. Por isso a Origem, sem que em si o seja, se converte num fim e numa orientação, um fascínio que move ao seu reencontro tudo quanto dela se extravia, ou seja, tudo o que nela é e a é ignorando-o e ignorando-se pela identificação ilusória com o ser isto ou aquilo que o esquece e vela como o nada que é tudo. A Origem reorienta tudo o que a encobre encobrindo-se. Tornando-a e tornando-se Encoberto.
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4 comentários:
Ei-los, a cada instante que o não é, na mesma direcção que também não se toma: Paulo e Quignard
"Comment le passé peut-il devenir une jouissance?
Parce qu'il fut une jouissance.
La porte pour entrer dans le monde n' est pas la naissance. Elle n'est pas le froid ni la lumière. Elle n'est pas le corps distinct, sexuel, abandonné, soufflant, expulsant, manquant, parlant. Ni la faim, ni la carence, ni le besoin, ni le groupe, ni la langue naturelle, ni la conscience qui fait retentir la voix du group en écho.
La porte est l'origine.
(...)
Sans cesse il faut remanier les commencements dans l' origine qui les déclenche et les replonger dans le jadis qui les fonde sans qu'aucune direction les conduise ou les perpétue."
Só um sorriso. A alegria é o sorriso que desponta da Origem, mudo.
Pode o originado recuperar a origem sem se desoriginar?
Não sei, interrogativo, se a pergunta é para mim...sorriso
A mim parece-me que a Origem não deseja o originado tal como o esboçou (talvez mais adequadamente do que o criou. A Origem não pode ser determinante, tem é que ser repousante.) A Origem deve reconhecer, como o Amor o/a amante, sob as suas diferentes aparições, o originado. A desorigem faz parte de quem foi originado. A origem é em si mesma desorigem. A desorigem da origem no originado, parece ser o segredo da sua originalidade.
Também penso que é por ela ser desorigem que ela não é recuo, é avanço. É expansão, é a voragem que o tempo tenta acalmar, como máscara apolínea a tentar controlar a força dionísiaca...
Não sei se há recuperação, ou se é reconhecimento...impacto, que nos subtrai ao aqui.
Não devo ter conseguido responder...
É interessante que o originar e o original da Origem seja o desoriginar-se... Gostei da resposta.
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