O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Primavera

Murchas estão as flores, ainda não cresceram os alperces verdes
Quando voa a andorinha
O rio de águas glaucas circunda as casas
O vento voltou a transportar a flor do salgueiro
E em todo o horizonte não há onde cresça a erva perfumada
Por detrás do muro há um baloiço, fora do muro um caminho
Fora do caminho um caminhante
Por detrás do muro o riso de uma rapariga
O riso vai-se atenuando, o seu som vai-se apagando
E começa então a saudade do amante pela sua amada.

Su Dongpo (1035-1101)

Sem comentários: