O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 5 de outubro de 2008

PARABÉNS

Para o Paulo Borges, um beijo de Saudade

Queria que o poema fosse contemplação
E que de tanto contemplar o mundo
Se tornasse o poema essa plena visão
E essa visão vibrasse mais que o mundo
E em saudade eterna, a sua mesma sombra

Nele não existiria visão gasta ou turva
Nem gosto de querer ou possuir
Queria um mundo brilhante, em onda viva
E nessa onda, em desejo erguida, queria
Mais do que tudo, não querer nem ser.

E nesse não querer, tudo sonhar e ser
E nesse render, abdicar de haver
Vivesse em todo o poema que há
Debaixo do céu, um outro sol dormia

E eu era a Saudade que existia

Só para de mim mesma me esquecer.


E que nesse mundo, porque é alta a chama
O chão se abrisse em rosas de saudade
Colhidas em noite que anuncia o dia
E que o tempo recolhesse a essa moradia
E tudo o que nascia já não tinha idade
Para que fosse eterna a rosa da alegria.

1 comentário:

Paulo Borges disse...

Saudades, para ti grata se abre a Rosa da minha alegria! Um Abraço.