O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 1 de maio de 2009

O desejo esculpe-nos in eternum

" - Mas é viver, é viver este morrer contínuo, nos teus braços e na luz, ou assim, fechados como múmias, já sepultos, com medo do deserto que se ergue em granizo de sangue, e nos lapida... (os deuses todos servos da Morte).Itálico
- Quanto mais o império durar (o império de que a morte é a invisível cariátide suprema), mais raiz teve o nosso desejo, mais fundo foi, mais possível a nossa imortalidade. O desejo esculpe-nos in eternum.
Vemos só o reverso da tapeçaria, que é o império: a tapeçaria, ela, é a eternidade. [...]"

- António Patrício, Teatro Egípcio, p.1025.

4 comentários:

Paulo Borges disse...

O desejo esculpe a perenidade da impermanência...

Anónimo disse...

Belo texto. Não conhecia esta obra de Patrício, o maior dramaturgo português.

Oestrímnia... o que significa?

baal disse...

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Nunca Mais disse...

O desejo desfaz isso mesmo que cria...