O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 18 de maio de 2009

Chogyam Trungpa Rinpoche: Agora

A espiritualidade é um termo específico que na realidade significa lidar com a intuição. Na tradição teísta há uma certa noção de apego a uma palavra. Um certo acto é considerado como não aceitável para um princípio divino. Um certo ato é considerado aceitável para o divino. Na tradição do não-teísmo, no entanto, é bastante directo que as histórias de casos não são particularmente importantes. O que é realmente importante é o aqui e o agora. O agora é definitivamente agora. Nós tentamos experimentar o que está disponível ali, no momento. Não faz sentido pensar que existe um passado que poderíamos ter agora. Isto é agora. Este precioso momento. Nada místico, apenas "agora", muito simples, directo. E desse "agora", contudo, emerge sempre um sentido de inteligência de que estamos constantemente em interacção com a realidade, um por um. Lugar por lugar. Constantemente. Nós, na realidade, experimentamos uma fantástica precisão, sempre. Mas sentimo-nos ameaçados pelo "agora" e saltamos para o passado ou o futuro. Se prestarmos atenção aos bens materiais que existem na nossa vida, esta vida rica que nós levamos, fazemos escolhas em todos os momentos, mas nenhuma delas é considerada boa ou má, per se, porque se todas as coisas que vivemos são experiências incondicionais, elas não vêm com uma etiqueta dizendo "isto é mau" ou "isto é bom". Mas nós vivemo-las mas não lhes prestamos a devida atenção. Não nos damos conta de que caminhamos para algum lado, consideramos isso um incómodo, esperar pela morte. Esse é o problema. Não confiar propriamente no "agora", que aquilo que experimentamos agora possui muitas coisas poderosas. É tão poderoso que somos incapazes de o enfrentar. Consequentemente, temos que pedir emprestado ao passado e convidar o futuro em cada momento. E talvez seja por isso que procuramos a religião. Talvez seja por isso que andamos na rua. Talvez seja por isso que nos queixamos à sociedade. Talvez seja por isso que votamos nos presidentes. É bastante irónico... Na verdade muito engraçado.

Chogyam Trungpa Rinpoche

4 comentários:

Paulo Borges disse...

Isto é a pura sabedoria, nua e crua, que põe o dedo na ferida e assim a sara.

As palavras de Chögyam Trungpa libertam.

Grato, Madalena.

Anónimo disse...

Talvez seja por isso que existem blogs...

antiquíssima disse...

MunkTU MuKUuu Enkrazzzaduy

KrakTA,,, Má dÁ LeKnnnyaa

Anónimo disse...

Isto é uma língua antiquíssima...