domingo, 3 de maio de 2009
"O Tao (...)
embota a sua subtileza, desembaraça-se de todos os liames, refreia o seu esplendor, une-se à poeira.
Como é puro!"
in Tao Te King, IV, Livros de Vida Editores.
Não exerças poder sobre o outro, mas não permitas que o outro exerça poder sobre ti.
http://www.youtube.com/watch?v=OiNczmhgBZE
embota a sua subtileza, desembaraça-se de todos os liames, refreia o seu esplendor, une-se à poeira.
Como é puro!"
in Tao Te King, IV, Livros de Vida Editores.
Não exerças poder sobre o outro, mas não permitas que o outro exerça poder sobre ti.
http://www.youtube.com/watch?v=OiNczmhgBZE
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18 comentários:
E então, Nuno, o que queres transmitir com isto?
Que devemos cultivar a acracia e que penso que é disso que este texto do Tao fala. Provavelmente estou a lê-lo à luz dos meus preconceitos, mas é uma leitura possível.
http://www.youtube.com/watch?v=okd3hLlvvLw
O anónimo das 1:55 sou eu.
Deixa de ser múltiplo e torna-se um. Não anda em busca disto ou daquilo, mas está-se borrifando para tudo isso, limitando-se a existir e por se limitar a existir ilimita-se, está aberto a tudo, "é como um vaso vazio".
"Todas as coisas do mundo são para ele como um cão de palha", ele não quer coisas, nem quer nada que lhe traga coisas e até vive melhor sem elas porque elas o prendem e cada uma delas não o contenta e leva-o a querer outra e outra ao infinito. Por isso limita-se a respirar, ver, ouvir, pensar, dialogar. O mundo é para ele outro, "o universo não tem afeições humanas", e tudo é outro e como está rodeado de outridão, seria ignorante querer possuir o que é irremediavelmente outro, daí a vida constituir-se num eterno perder quando queremos possuir seja o que for.
Nem a nós mesmos nos possuimos e Deus é num sentido o destino, não sendo o destino mais do que a outridão que nos rodeia e influencia, interdependência, bem como o futuro que vem de todas as circunstâncias presentes, do mundo que é outro embora possamos influenciá-lo, de outro modo não existiamos.
Se influenciarmos o mundo para o bem é bom... e isso é exercer poder mas não é exercê-lo para obter algo para nós, por exemplo se fizermos uma boa acção política da qual não tiramos mais dividendos do que tiram todos os outros.
É curioso como a maioria dos anarquistas despreza a religião quando há muitas semelhanças entre ambos, por exemplo entre os conceitos de acracia, ahimsa, tao, compaixão. Penso que erram ao não distinguirem entre a religião e a cegueira religiosa, o ódio.
Vêem a religião como mais uma forma de opressão, mas não percebem que se aceitarmos a fé que a consciência nos dita nada exterior nos está a oprimir, e penso que essa é precisamente a base do anarquismo, a lei ser-nos ditada pela consciência e não por outrém, não é necessária uma lei escrita, nem estatutos, nem nada. E o anarco-sindicalismo é já uma forma deturpada da origem, porque já supõe uma organização onde existem líderes e gurus e inteligentes e operacionais, etc., sendo em última instância uma pequena democracia ou uma autocracia, quando os gurus se sobrepõem, para além de que já pressupõe uma ideologia e sistematizações etc. etc., o que é contra o conceito original. As sistematizações levam a que construamos castelos no ar com que brincamos, em vez de nos cingirmos aos factos.
Penso que o verdadeiro anarquista não tem ídolos e que pode descobrir a priori leis, por exemplo de convivência, etc., não precisando para isso de ler Bakunine, o que até se aproxima da ética kantiana da vontade boa que se autodetermina, etc. É curioso como o verdadeiro anarquismo se pode aproximar do liberalismo, já que defende todas as liberdades. No momento em que há abuso das liberdades, quando o patrão se torna insuportável, há luta, por exemplo por ausência, é a greve. Nas eleições, a abstenção.
Cristo diz "dá tudo o que tens" e Buda liberta-se de tudo o que tem. São contra a possessão, a propriedade, como o conceito anarquista. Cristo diz Pai-Nosso, é de todos, indicando que todos somos irmãos, uma fraternidade, como defendem os anarquistas. Por isso há muitas semelhanças entre as várias doutrinas.
Cristo ataca os que estão a vender no templo, é contra o dinheiro e como um padre disse uma vez - "a missa deve continuar fora da igreja". "Não podes amar a Deus e ao dinheiro".................
Como o Paulo Borges afirmou algures numas "catacumbas" lá para trás, desconhecemos o íntimo dos outros e por isso se calhar Deus é um ideal que cada um de nós tem na consciência, o sagrado, aquilo que é mais importante: uns amam o cão, a mulher, o outro, a si mesmos, o dinheiro, etc etc etc.
A propósito, foi anunciada na tv uma conferência no Estoril de 7 a 9 de Maio "Desafios globais, respostas locais", com Blair, Aznar, Schroeder, Belmiro de Azevedo e outros senhores do mundo... a entrada? 1200 euros... Dos e para os senhores do mundo.
http://www.conferenciasdoestoril.org
Felicito-o, Nuno, pela verdadeira explosão reflexiva nocturna! Estou de acordo com praticamente tudo o que diz e desde a adolescência nunca deixei de ser acrata.
Um Abraço
Grato, Nuno, por partilhar connosco a sua reflexão. Fez-me recordar Agostinho da Silva que escreveu: «A única revolução definitiva é a de despojar-se cada um das propriedades que o limitam e acabarão por o destruir, propriedade de coisas, propriedade de gente, propriedade de si próprio».
Só quando nos libertarmos de tudo o que nos encobre, quer seja de coisas materiais como de ideias, ideologias, regras ou leis vindas de fora, poderemos re-des-cobir a luz da sabedoria que nos tornará verdadeiramente livres para nos cumprirmos, sem líderes, gurus, chefes ou outro tipo de agentes opressores.
Uma pergunta: como é que o Nuno aplica estas ideias na sua vida? De que forma os seus actos, palavras e pensamentos estão impregnados desta sabedoria? Ela encontra-se meramente num nível intelectual, racional, conceptual ou execita-se nalguma prática de forma a trazê-la para níveis de consciência mais profundos, como por ememplo a meditação permite?
Grato, Paulo e Kunzang. Seria ofensivo para algumas das pessoas que aqui escrevem eu afirmar que já tenha meditado.
Um abraço.
"Certes je sais qu'is y a bien des formes et des courants dans l'anarchie, et je voudrais simplement ici d'abord préciser de quelle anarchie je parle. La première precision, c'est que je refuse absolutement la violence. (...)
Et cela à deuxa niveaux: le premier est simplement tactique! On commence à avoir l'expérience que les mouvements non violents quand ils sont bien menés sont beaucoup plus efficaces que les mouvements violents. (...)
Ma seconde raison est évidemment d'ordre chrétien: dans l'orientation biblique, le sens général est l'application de l'amour, jamais la relation violente."
Jacques Ellul
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