sábado, 2 de maio de 2009
Arte de Filosofar
"A arte de filosofar não consiste em escrever livros, em proferir conferências, em minutar lições que, ostensivamente, efectuem transmissão de ensino público. Todas as manifestações da filosofia, que os bibliógrafos registam e os biógrafos explicam, combinando a bibliografia com a biografia, resultam de uma actividade inaudível e invisível a que se dá o nome secreto de pensamento. Maior é o número dos filósofos que cogitam, meditam e especulam, sem que os seus contemporâneos sequer suspeitem, do que o número daqueles que pretendem tornar-se célebres com exibir erudição aprendida em arquivos, bibliotecas ou museus.Cumprindo os ritos religiosos, políticos e morais que são a praxe no círculo social em que preferiu viver e conviver, o pensador sincero fica mais livre para na solidão reflectir sobre os problemas humanos, os segredos naturais e os mistérios divinos. A cada alma esclarecida no cultivo da ciência e inflamada pelo amor da verdade obsidia sempre um só problema, segredo ou mistério, a que atribui primado na ordenação de todas as interrogações que estimulam o pensamento até à hora da iluminação suprema"
- Álvaro Ribeiro, A Arte de Filosofar, Lisboa, Portugália, 1955, p.9.
- Álvaro Ribeiro, A Arte de Filosofar, Lisboa, Portugália, 1955, p.9.
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5 comentários:
Mais outro grande desconhecido dos portugueses... Grato por recordá-lo.
Álvaro Ribeiro foi daqueles poucos que não esqueceu que o fim último de toda a actividade do espírito é a "iluminação suprema".
A epopsia, a "epopteia", o derradeiro grau da iniciação nos mistérios de Elêusis...
a arte de roubar..
Ou a arte de cavalgar... de bem cavalgar em toda a sela?...
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