O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 2 de janeiro de 2010

penso eu de que


A GENIALIDADE é uma doença

- uma doença saudável

33 comentários:

Paulo Borges disse...

Será que é transmissível e contaminável?

Sempre sagaz, Platero.

baal disse...

esta é uma questão que leva a outras:
se a genialidade é uma doença saudável, a sociedade é um doente terminal?
a mediania está afastada da genialidade, estamos todos à beira do fim ou da insanidade (a que não é genial)?
a genialidade é solidária, ou tem servido a exclusão e o poder?

uma 'pequena' afirmação, para um mundo de questões sem resposta.

abraço, platero.

platero disse...

Paulo

é a gente brincar
Sagaz seria eu se soubesse responder
:
transmissível? contaminável?

Pensava nesta equivalência - genialidade/doença enquanto estendia a roupa, que nunca mais enxuga, tendo como protagonista Pessoa, ou talvez Bernardo Soares.
Há uns anos fiz um curso de escrita criativa, de V(v)erão, com Inês Pedrosa e Gastão Cruz. E numa daquelas fichas de candidatura - " diga o que..." pedia-se às tantas que indicássemos o livro que gostaríamos de ter escrito. Com toda a minha honestidade não apontei um Livro mas um parágrafo de um Livro: um parágrafo do Desassossego
Frente ao estendal da roupa, ocorria-me então que Bernardo Soares devia sofrer de qualquer patologia - que o levava a produzir construções tão profundamente penetrantes a partir das palavras comuns que utilizamos todos para nos queixarmos ao médico-de-família ou pedirmos a torrada com manteiga no Café habitual.

"Este gajo devia ser doente"- pensei, estendendo o último par de meias. Mas logo de seguida: "bolas, quem me dera ser assim doente"
Eis, talvez atabalhoada, a explicação do contra-senso; doença saudável

Por contra-senso, aí vai quadra popular com alguns anitos,tratando melindrosa matéria de namoro:

com princípio meio e fim
eis clara a contradição:
tu prezas estar presa a mim
- eu prezo não ter prisão

e o tal abraço de coragem para enfrentar os 363 de 2010 que ainda faltam

platero disse...

BAAL

são questões filosóficas em que não ouso sequer meter o pé. Embora me pareça que a doença social actual será tudo menos causada pela genialidade. Pelo contrário - pode é provir da falta dela. Falemos só de nós, BAAL. E nem da criatividade, que é uma das manifestações da genialidade: da racionalidade.
dou comigo a pensar, quando mudo a areia das "necessidades" de uma minúscula que anda por aqui a divertir-me e chatear (de chat?)ao mesmo tempo:
que sacana de país é este que importa TIRs, quem sabe aviões de carga, com areia para os gatos mijarem e

Baal (trato por tu as pessoas de quem gosto)grato pelo teu comentário - que já justifica a temeridade de ter tornado pública a minha atrevida tergiversação

grande abraço

João de Castro Nunes disse...

Também meto a colherada
para dizer que, afinal,
o ter génio é, mais que nada,
um tremendíssimo mal!

JCN

Paulo Borges disse...

Creio que a genialidade inferior é egocêntrica e nada solidária, mas há a genialidade daqueles que só se elevam elevando a todos e tudo: a dos sábios e dos santos, não canónicos, mas reais, não feitos por deus nem pelos homens, mas pela sabedoria e pelo amor imparciais e universais. Agora esses nunca se vêem como tais: duvido mesmo que se vejam.

João de Castro Nunes disse...

Então... devem ser translúcidos. JCN

platero disse...

na resposta a BAAL,ficou perdida uma GATA (chatte) no teclado

platero disse...

JCN

a sua quadra, como os seus sonetos, é, de forma, exemplar.
quanto a conteúdo - tomar a genialidade como coisa má, é uma leitura pessoal, que não vale a pena discutir. Muito menos com alguém que dispõe de armas filosóficas capazes de fazer abortar qualquer simulacro de ataque

Um bom abraço, boa caminhada sobre 2010

João de Castro Nunes disse...

Meu caro Platero, Deus me livre de pretendrer atacar alguém, demais a mais com as credenciais de que faz alarde! Que posso eu fazer... com a minha 4º classe do tempo da maria-cachucha?!... Caso seria para se dizer: "ne sutor ultra crepidam"! JCN

João de Castro Nunes disse...

Diga-me, meu caro Platero, já viu... algum génio feliz?!... JCN

João de Castro Nunes disse...

O SUPRA-CAMÕES

Sem lhe chegar aos tacões,
não foi acaso Pessoa
que quis ser mais que Camões,
como ele próprio apregoa?

JCN

João de Castro Nunes disse...

E com esta vou-me embora
pois as aves já se vão
aos seus ninhos recolhendo
até à próxima aurora!

JCN

platero disse...

JNC

Se não traduzir o seu latim fico na mesma. E devo confessar que não me sinto na disposição de encomendar tradução a especialista

-Se conheci algum génio feliz?
-devo confessar que nunca dei por que estivesse na presença de algum génio.
Muito menos quando algum simples mortal pretende que o tomemos nessa alta condição.
Não leu a minha quadra popular a propósito?:

de tão altos pedestais
em que por vezes nos pomos
parecemos ser muito mais
pequenos do que o que somos

?

as minhas poucas referências, com ligeiras semelhanças ao que será a genialidade, são todas de gente muito simples.
e gente simples não se preocupa com questões menores - da natureza da felicidade.
Querem lá saber se são ou não felizes. Deixam isso para os curiosos

abraço amigo

João de Castro Nunes disse...

Conversa fiada, meu caro Amigo, conversa fiada! "Não vou por aí". Se para si a genialidade está na simplicidade, estamos atolados dessa praga, a começar por mim... que não passo de um pobre diabo a milhas de distância do seu luminoso astro, com cuja sapiência longe estou de poder competir. Nunca viu um génio? Eu também não, mas conheço-os de gingeira... pelas lições da história, apesar das minhas poucas letras.
Quer a tradução, sem ter de recorrer a especialista? Eu mesma lha dou, aliás tirada do "Pão partido em pequeninos" do Padre Manuel Bernardes: ""Não suba o sapateiro acima da chinela".

E com esta vou-me embora,
pois as aves já se vão
aos seua ninhos recolhendo
até à próxima aurora!

João de Castro Nunes

Anónimo disse...

Genial não é saber latim. É ensiná-lo! Com carinho. Com dádiva. Com alegria. Ter esta consciência também é genial.

Anónimo disse...

Genial é adoptar um avô e fazer dele um recurso ímpar de sabedoria e de amizade.

Anónimo disse...

Genial é "ir por aí" atrás de um pobre diabo sem luz nem currículo que se veja (por falta de luz) com uma 4ª classe do tempo dos dinossauros, sem qualquer hipótese de competir com ninguém.

Anónimo disse...

Genial é ser grande com os pequeninos, assim como eu.

Anónimo disse...

Genial é chegar a ser-se o que realmente se é...

João de Castro Nunes disse...

A si, Fausta, ninguém a vence... em genialidade! Quem disse que não há génios bons e amoráveis? JCN

baal disse...

não vá o sapateiro além da sandália.
(fídias, escultor grego, perante a crítica de um artesão)apre(e)nde jcn, não cites só as aves agoirentas.
e agora a genialidade, 'seres' fora do seu tempo? responsáveis pela evolução das artes e, porque não, do mundo?
será...
ou uma doença que se transforma em sofrimento?
sentir 'por maior' é (citando jcn) um mal para si e para os que o rodeiam?
a questão, que muitos consideram ultrapassada, é se a genialidade deve ser uma distância ou um 'agenciamento'?
que me acompanhem os que me entendem, aos outros 'batatas'?
é pouco genial pensar desta forma... mas é cada vez mais uma necessidade.
os génios transportam segregação, os lutadores igualdade.
à luta
(escrito ao correr da 'pena'.)

João de Castro Nunes disse...

Dando de barato as suas congeminações de trazer por casa, de chinelos e pijama, não posso deixar de lhe passar, com selo pendente de prata e cera, um atestado de supremo ignorante. Então vossemecê não sabe que não se trata de Fídias, mas de Apeles, o protagonista do episódio referido por Plínio e exemplarmente traduzido pelo nosso Manuel Bernardes? É de atar as mãos na cabeça! Não se trata de uma escultura, mas de uma pintura, atrás da qual o artista se colocou para escutar as opiniões dos transeuntes. Fídias nunca pintou... em toda a sua vida. Estude, caro amigo, estudo! E deixe de se dar ares daquilo que não é! Esrtá-se-me a acabar a pachorra. JCN

João de Castro Nunes disse...

Pela calinada que deste, ó BAAL, merecias uma valente dúzia de palmatodas: "ne sutor ultra crepidam"! JCN

João de Castro Nunes disse...

Reportando-me a anteriores comentários, tenho a impressão de que exite aqui uma grande confusão de narizes. Quem ataca... quem? JCN

João de Castro Nunes disse...

REGUADAS

Essa história do pintor
que atrás do quadro se pôs
para sem ser visto ouvir
a opinião dos passantes
contada pelo BAAL
contrariamente à verdade
é de a gente ficar parva
por os nomes confundir
dos artistas mais famosos
que em Atenas trabalharam
na escultura e na pintura!

Estude antes de falar
para não fazer figura
de analfabeto ou de tanso!

Que valentes reguadas
ele está a precisar!

JCN

baal disse...

no credas laudatoribus tuis

que 'granda calhauzada'jcn

o 'velhote' de chinelos e pijama, transformado em inquisidor-mor não deixa passar uma.

soubesse ele do ridículo dos seus sonetos, que não passam de circularidades, eivados de uma moralidade cristã do tempo da velha senhora e não sairia de goías(que é um caranquejo que como ele passa a vida a andar para trás), ou talvez da sua 'casinha' onde se recria imberbe com os seus alfarrábios latinos, construindo sonetos menores por nada entender deste mundo (nem do outro).

à luta

Anónimo disse...

Vomitas-te demasiado.

baal disse...

é assim fausta... tiram-nos do sério e começamos a regurgitar. não é nada que o teu 'mestre' de latim, não utilize contra os justos.

Anónimo disse...

Nada de atacar os mestres! São pessoas justas e bondosas e só querem o nosso bem. Inteligentes e sensíveis eles são!

Música de fundo: "Eu tenho dois amores" do Marco e Paulo

Anónimo disse...

Hummm...

João de Castro Nunes disse...

Estás a dar a mão à palmatória, ó BAAL?!... Algum dia tinha de ser! Não tens peito... para o velhote dos sonetos, a cuja altura não chegas... a não ser de escadote. E mesmo assim... JCN

Anónimo disse...

Olha meu querido Plínio... Abre bem os ouvidos porque tenho uma profecia para ti: Hás-de ensinar-me latim, com todo o res peito, empenho e sapiência e hás-de gabar a minha inteligência. Podes escrever, que eu não sou pacaça!
Bem podes correr! A ver se eu não te apanho!